Massa de manobra do governador

O governo do Paraná está desesperado com as ocupações das escolas no Paraná. O seu discurso de “massa de manobra” não tem colado na sociedade. Pelo contrário, a cada dia fica mais evidente a tentativa de manipular a opinião pública.




FonteJORNALISTAS LIVRES

Foto: ANPr

O governo do Paraná está desesperado com as ocupações das escolas no Paraná. O seu discurso de “massa de manobra” não tem colado na sociedade. Pelo contrário, a cada dia fica mais evidente a tentativa de manipular a opinião pública. Principalmente porque o governador Beto Richa se utiliza das mesmas táticas de sempre: identificar um inimigo em comum e desqualificá-lo diariamente, utilizar um exército de comissionados para tentar dividir seu oposicionista na base do movimento, recorrer a meios de comunicação em que anuncia para construir uma narrativa de vitimização atacando o movimento contrário e contar com a afinidade ideológica de parte do judiciário que se beneficia de gordo orçamento e regalias como auxílio moradia.

Alvo errado

Assim que o governo percebeu que não conseguiria controlar as ocupações, saiu a tentar rotular o movimento dos estudantes. Utilizou da velha receita de afirmar que as ocupações são patrocinadas pelo sindicato dos professores e pelo Partido dos Trabalhadores. O governo não é ingênuo. Ele sabe que o principal responsável pelas ocupações é o governo federal e a MP do Ensino Médio. Tanto que em informe publicitário pago nas televisões, admite — mas não responsabiliza — que a demanda dos secundaristas foi criada por Michel Temer. Por outro lado, se fosse no governo da presidenta Dilma, Beto Richa e companhia já teria lançado a pecha de irresponsabilidade nacional. Mas como quem colocou o “bode na sala” e a juventude na escola ocupada é um aliado de golpe, sobra apenas o estratagema dos estereótipos.

Massa manipulada

Um vídeo circula nas redes sociais em que pedagogas invandem uma escola ocupada e aos berros gritam “massa de manobra”. Os estudantes observam de forma tranquila. O curioso desse “confronto” é justamente entender quem são os personagens e o que pretendem. Os estudantes ocupam as escolas a partir da liberdade de pensamento e senso crítico. Não foram obrigados a fechar colégios por sindicato, partidos ou qualquer entidade. Por outro lado, as pedagogas que gritam “massa de manobra”, na certa, foram obrigadas pelo núcleo de ensino a tentar enfraquecer o movimento. Elas não têm escolha. Foram obrigadas a ir. Possivelmente o cargo comissionado está em risco. Logo se percebe quem está sendo manipulado.

Defesa partidária

Desconfie de todo movimento que se diz apartidário ou apolítico. Ele, na verdade, está escondendo sua opção ideológica. Isso é corrupção intelectual e fica bem claro quando essas entidades, no discurso, falam em melhorar a educação, saúde e segurança, mas, na prática, se aliam totalmente e imediatamente ao discurso oficial. Vemos isso em informes publicitários pagos como o do Instituto Democracia e Liberdade (IDL), que reproduz o discurso de “defesa da democracia”, mas é contrário a greves e manifestações, que alega a “reprovação de alunos e professores no ENEM”, sendo que a prova não tem o objetivo de “passar ninguém” de ano.

O mesmo comportamento observamos em editoriais que contrastam com reportagens dos veículos. Se os “donos do jornal” se informassem pelas matérias publicadas, não iriam tomar partido do governo tão precocemente.

Passa errorex

E o governo disse que o ENEM seria cancelado. E o INEP passou um corretivo nessa versão, garantindo a prova no Paraná.

Aula de geografia

O governo do estado pediu reintegração de posse de escolas. A medida foi suspensa, afinal, elas pertencem aos alunos.

Cabulando

Na gíria juvenil, cabular significa “matar” aula, faltar, não comparecer. Nessa semana, o governo do Paraná decidiu “dar recesso” nas escolas ocupadas. Mais de 450. Ou seja, Beto Richa quer “dar um perdido” na educação. É a chamada “Gazeada Institucional”.