Em tempos de retrocesso, Brasil lembra 20 anos sem Betinho

O sociólogo Herbert de Souza dedicou sua vida à luta pela democracia e ao combate à fome. Hemofílico, morreu em função de complicações provocadas pela Aids




FonteRevista Fórum

O Brasil lembra nesta quarta-feira (9) duas décadas da morte de Herbert de Souza, o Betinho, idealizador do movimento Ação Contra a Fome, a Miséria e Pela Vida. Depois de 20 anos sem o sociólogo, imortalizado pelos versos e música de Aldir Blanc e João Bosco (Brasil.. sonha com a volta do irmão do Henfil), na canção O Bêbado e a Equilibrista, o país precisa reafirmar o legado deixado por Betinho, em tempos de retrocesso.

Como parte da programação de homenagens, serão lançados um site, com informações sobre a vida e a atuação de Betinho, e o Prêmio Betinho Imagens de Cidadania, que selecionará vídeos de até três minutos que celebrem os princípios da democracia. Também será inaugurado o Jardim da Cidadania, no Espaço de Convivência do Centro de Tecnologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Herbert de Souza militou em causas sociais desde sua adolescência, em Minas Gerais. Formou-se em Sociologia em 1962 e engajou-se na luta pelas reformas de base do governo João Goulart. Betinho resistiu ao golpe de 1964 e à ditadura que se instalou no Brasil. Quando a repressão intensificou-se, partiu para o exílio em 1971. Morou no Chile, no Canadá e no México.

No fim dos anos 70, a volta de Betinho, virou marca da campanha pela anistia. Ele retornou ao Brasil em 1979 e criou o Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase) dois anos depois, junto com os companheiros de exílio Carlos Afonso e Marcos Arruda. O instituto viria a criar o primeiro provedor de acesso à internet aberto ao público não acadêmico e não governamental no Brasil, anos depois.

Em 1986, após descobrir que era portador do vírus HIV, Betinho ajudou a fundar a Associação Brasileira Interdisciplinar de Aids (Abia). Em 1992, fez parte do Movimento pela Ética na Política. Hemofílico, Betinho morreu em 9 de agosto de 1997. Em 2012, a história dele foi reconhecida pela Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) como parte importante da memória mundial.