Todo dia é um 30 de agosto na educação pública do Paraná

Mais de cinco mil trabalhadores foram às ruas lembrar o massacre de 1988





Foto: Leandro Taques

Mais de 5 mil servidores da rede pública de ensino do Paraná foram às ruas nesta quarta-feira (30) para deixar vivo na memória o massacre sofrido pela categoria em 1998. Naquele momento, o então governador Álvaro Dias, ordenou que a Polícia Militar atacasse com armas e cavalaria os trabalhadores que protestavam por melhores condições de trabalho.

A situação se repete desde então quando a data tornou-se um marco para a categoria. Com as aulas paralisadas os professores e funcionários de escola tomam às ruas da capital paranaense para reiterar sua pauta de reivindicações. Neste ano a lista é extensa, sobretudo pela falta de compromisso do governo Beto Richa (PSDB) com o setor. “Vamos debater com o governo nossos principais pontos, especialmente o reajuste da data-base, a distribuição de aulas e penalizações que estão sendo postas, além de reforçar o concurso para funcionários de escolas e o direito de reposição deste dia 30 de agosto”, explica o presidente da APP-Sindicato, Hermes Leão.

Leão e uma comitiva debaterão com com os secretários de administração, Fernando Ghignone, da educação, Ana Seres Comin e com o Chefe da Casa Civil, Valdir Rossoni. O governador, contudo, está fora do Brasil. “É um governador que não tem participado dos debates e das mesas. Uma data que seria importante que ele participasse, inclusive, para responder aos pais, mães e estudantes as péssimas condições de trabalho que tem produzido no seu governo na rede estadual de educação. Está fora do país em uma agenda menos importante do que estar aqui nesse momento de crise”, criticou Leão.

A situação nas escolas do Paraná, segundo Leão, promove uma espécie de 30 agosto cotidiano para os servidores da rede pública de ensino. “Tanto o 30 de agosto quanto o 29 de abril foram datas de uma violência física extremada que repercutiu mundialmente. Mas a violência no cotidiano escolar é cruel, é menos visível, adoece massivamente a categoria e penaliza a aprendizagem dos estudantes a partir das péssimas condições de trabalho”, analisou.

A presidenta da CUT Paraná, Regina Cruz, reforçou a ausência de diálogo com os professores da rede pública. “Como imaginar estabelecer um diálogo efetivo com um governador que manda soltar bombas em servidores? Mulheres e até mesmo idosos foram atingidos naquele dia que, sem dúvida, é uma versão renovada do 30 de agosto. Quem trata os servidores públicos assim vai tratar os serviços públicos como?”, questionou.

A forma de tratar atividades públicas é decorrente, segundo a coordenadora-geral do Sind-UTE de Minas Gerais, Beatriz Cerqueira, de prioridades. Ela compara a gestão do PSDB em seu estado como as ações dos tucanos no Paraná. “O PSDB tem como programa um estado mínimo. Para isso precisa negar o direito à educação. Precisa dar um choque de gestão. Foi isso que aconteceu em Minas Gerais, retirando o direito dos trabalhadores em educação e demais servidores. O resultado é uma grande precarização. Foi isso que fez o Aécio e o Antônio Anastasia em Minas Gerais e é isso que o Beto Richa tenta fazer no Paraná”, comparou.

Presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), Heleno Araújo Filho, disse que a violência, infelizmente, passou a ser vista em todo o Brasil.” Há um processo de violência brutal que marca essas mobilizações no Estado. Violência com o descaso com a educação básica que ocorre em todo o País. Violência permanente na sala de aula que faz com que o estado que deveria cuidar da população passa referência negativa e leva nossos estudantes a agredir trabalhadores em educação, professores e professoras em sala de aula. Um descaso com a polícia para reprimir a atuação de professores e outras categorias e isso acontece em todo o País”, criticou Araújo Filho.