Paraná sem educassão

Caso de corrupção mostra que governador Beto Richa tem um olhar diferenciado para a educação





Governador é acusado de receber propina junto com presidente da Alep, Ademar Traiano. Foto: Dálie Felberg/ Alep

Qual é o valor da educassão no Paraná? Assim mesmo, leitor. Educassão com dois eses. Não precisa tirar se achar melhor, editor. O erro é o reflexo de que ela, a educaçaum, vale muito pouco para a população. Ou, talvez, tenha muito valor para os políticos paranaenses. Pois ela rende bastante quando consegue somar a ignorância do povo com a inteligência dos corruptos. É um cálculo perfeito: mais desvio, menos recursos para a educação, igual uma sociedade enrolada sem que ela perceba.

O escândalo revelado pela imprensa paranaense é só mais um episódio envolvendo o governador paranaense, Beto Richa (PSDB), em casos de corrupção. É praticamente uma rotina desde que assumiu. O tucano cidadão de bem sempre é pego em más companhias. É o piá de prédio que fica no fundo da sala fazendo artimanhas, mas quando é flagrado pelos mestres, se faz de sonso e culpa um parente distante, um amigo que é apenas um conhecido.

Beto Richa está em no cantinho da sala com aquela plaquinha de “menino levado”. A delação do dono da Construtora Valor, Eduardo Lopes de Souza, afirmando que parte dos R$ 20 milhões desviados da construção de escolas foram utilizados em santinhos, bandeiras e adesivos da campanha de reeleição é grave. Aliás, a fórmula é a mesma utilizada em outro caso que envolve o governador: o da cobrança de propina na receita estadual que acabavam parando no Caixa 2 de campanha. Seria curioso, se não fosse trágico, que o mesmo menino criado com nutella e leite de cabra fosse parar na diretoria e não tivesse nada a ver com a bagunça.

Mas o menino que nunca é reprovado nas urnas conta com a passada de mão na cabeça do judiciário paranaense. Não à toa, ele, pobre injustiçado, foi inocentado no episódio do massacre de 29 de abril de 2015. Com certeza os culpados foram os professores que tentavam impedir a traquinagem com seus salários e aposentadorias. Mereceram apanhar de tiros de borracha e gás lacrimogêneo pela audácia de querer repreender o dono do parquinho.

Com as mãos sujas da suposta propina de R$ 100 mil reais que recebia para bancar a campanha de senador, o menino do Ecoville, com certeza, dirá que é perseguição contra ele. E muita gente caíra nesse conto, uma vez que a escola virou depósito de gente, em que o problema é os professores que ganham muito com seus pouco mais de R$ 2 mil enquanto o governador ganha pouco com os seus míseros R$ 33 mil. Por isso ele precisa complementar renda com caixas dois e mesadas de menino rico enquanto escolas sequer são construídas e educadores têm salários congelados.

Essa é a educassão no Paraná, onde estufam o peito para cantar que a lei é para todos, mas só alguns são reprovados ou condenados.