Filme da Polícia Federal é maniqueísta, avalia crítico de cinema

De olho nesse contexto político por trás da trama que estreia nos cinemas, o critico Pablo Vilaça assistiu ao filme e avaliou tanto os aspectos da sétima arte quanto o recorte que o filme faz na recente vida política brasileira





O filme “Polícia Federal: a lei é para todos” vem gerando polêmica muito antes de seu lançamento que ocorre no feriado de Sete de Setembro. Entre as principais suspeitas está o fato de seus patrocinadores serem ocultos, não podendo revelar quais são as intenções de quem o patrocina. Outra crítica consiste no fato de o filme prometer ser imparcial na abordagem da operação Lava Jato, mas, assim como a força tarefa e o juiz de primeira instância Sérgio Moro, agirem de forma seletiva contra o governo do PT e contra o ex-presidente Lula. O filme seria uma peça de propaganda para tentar minar a força de Lula que lidera as pesquisas para 2018.

De olho nesse contexto político por trás da trama que estreia nos cinemas, o critico Pablo Vilaça assistiu ao filme e avaliou tanto os aspectos da sétima arte quanto o recorte que o filme faz na recente vida política brasileira. Para Vilaça, “Polícia Federal: a lei é para todos” é uma obra maniqueísta, que transforma juízes e promotores em heróis e o ex-presidente Lula e demais investigados em vilões. Para o crítico, assim como na investigação, o filme tenta preencher “lacunas para a ausência de provas” para convencer o telespectador sobre a culpa do petista.

O maniqueísmo fica claro, na visão do crítico, na forma como o ator Ary Fontoura interpreta Lula. “O problema não é a fala, mas a caracterização do ator. A inflexão usada pelo ator passa uma ideia de vilania”, pondera.

O próprio Ary Fontoura havia admitido que não pretendia interpretar o Lula como ele é, mas como o cidadão o enxerga. “Nunca estive com o ex-presidente, não o conheço. E o roteiro do filme não me pedia para fazer uma cópia dele, não é uma caricatura. É um personagem muito rico, contraditório, e eu pude exercer minha própria visão sobre ele”, afirmou.

Vilaça fala também que o filme tenta diminuir as falhas da operação Lava Jato como o grampo ilegal de conversa entre o ex-presidente Lula e a presidente Dilma Rousseff. Moro vazou o áudio para a rede Globo, o que fez com que o ministro do STF impedisse a posse por desvio de finalidade. No filme, “Moro diz assim para os delegados: nós temos que fazer de tudo para não constranger o ex-presidente. O filme defende mais Moro do que o próprio juiz. Moro assumiu que vazou o áudio. No filme, eles falam de passagem que o juiz decidiu ‘liberar’ o áudio. E é aí que você percebe o partidarismo”, contextualiza.

“Polícia Federal: a lei é para todos” estreia nesta quarta-feira (06) em praticamente todos os cinemas de Curitiba. Confira a crítica de Pablo Vilaça: