“Obter benefícios é a minha vontade”, diz Palocci em depoimento que incrimina Lula

Defendido por Adriano Bretas, Palocci tenta, há alguns meses, fechar um acordo de delação premiada, mas Moro e os procuradores têm esnobado as informações





Antônio Palocci. Foto: Reprodução

Jornal GGN – Condenado por Sergio Moro na Lava Jato, o ex-ministro Antonio Palocci decidiu mudar seu depoimento e incriminar o ex-presidente Lula em uma das ações penais em que ambos são acusados de receber vantagens indevidas da Odebrecht.

Defendido por Adriano Bretas, Palocci tenta, há alguns meses, fechar um acordo de delação premiada, mas Moro e os procuradores têm esnobado as informações, principalmente após o ex-ministro sinalizar que poderia entregar nomes do mercado financeiro e grandes grupos de comunicação.

Nesta quarta (6), Palocci disse que a compra de um imóvel para o Instituto Lula ocorreu dentro de um “pacto de sangue” que envolvia a entrega de um “presente para Lula”, que é o sítio de Atibaia, entre outras vantagens ao ex-presidente, como uma “reserva de R$ 300 milhões.”

No depoimento, o advogado Cristiano Zanin, que defende Lula, perguntou se Palocci agora muda sua versão dos fatos de olho em uma delação.

“Não, não. Eu não tenho acordo de delação premiada. Eu tenho tratativas. Isso é um assunto a cargo dos meus advogados. Eu confio no trabalho deles, são advogados de alta qualificação, com experiência no setor. Confio que eles estejam fazendo o melhor dentro da lei, olhando a maneira de contribuir com a Justiça, que é minha vontade, e também de obter benefícios, que também é minha vontade. Estou falando claramente.”

“Por um tempo tentei ajudar que as investigações não andassem, hoje eu acho melhor que se esclareçam as coisas”, acrescentou Palocci.

Em nota, o Instituto Lula disse que “a história que Antonio Palocci conta é contraditória com outros depoimentos de testemunhas, réus, delatores da Odebrecht e provas e que só se compreende dentro da situação de um homem preso e condenado em outros processos pelo juiz Sérgio Moro que busca negociar com o Ministério Público e o próprio juiz Moro um acordo de delação premiada que exige que se justifique acusações falsas e sem provas contra o ex-presidente Lula.”

O advogado Cristiano Zanin informou que “como Léo Pinheiro e Delcídio, Palocci repete papel de validar, sem provas, as acusações do MP para obter redução de pena.” O advogado ainda destacou que Palocci, na condição de corréu, não tem obrigação de dizer a verdade. Além disso, ele levou frases prontas anotadas em um papel e se forçava a falar palavras de efeito, como “propina”, como se tivesse ensaiado um depoimento para agradar a Lava Jato e “destravar o acordo”.

Abaixo, os vídeos do depoimento de Palocci:

Leia, abaixo, as notas na íntegra:

O depoimento de Palocci é contraditório com outros depoimentos de testemunhas, réus, delatores da Odebrecht e com as provas apresentadas.

Preso e sob pressão, Palocci negocia com o MP acordo de delação que exige que se justifiquem acusações falsas e sem provas contra Lula.

Como Léo Pinheiro e Delcídio, Palocci repete papel de validar, sem provas, as acusações do MP para obter redução de pena.

Palocci compareceu  ato pronto para emitir frases e expressões de efeito, como “pacto de sangue”, esta última anotada em papéis por ele usados na audiência.

Após cumprirem este papel, delações informais de Delcídio e Léo Pinheiro foram desacreditadas, inclusive pelo MP.

Cristiano Zanin Martins

A história que Antonio Palocci conta é contraditória com outros depoimentos de testemunhas, réus, delatores da Odebrecht e provas e que só se compreende dentro da situação de um homem preso e condenado em outros processos pelo juiz Sérgio Moro que busca negociar com o Ministério Público e o próprio juiz Moro um acordo de delação premiada que exige que se justifique acusações falsas e sem provas contra o ex-presidente Lula.  Palocci repete o papel de réu que não só desiste de se defender como, sem o compromisso de dizer a verdade, valida as acusações do Ministério Público para obter redução de pena e que no processo do tríplex foi de Léo Pinheiro. A acusação do Ministério Público fala que o terreno teria sido comprado com recursos desviados de contratos da Petrobrás, e só por envolver Petrobrás o caso é julgado no Paraná por Sérgio Moro. Não há nada no processo ou no depoimento de Palocci que confirme isso. Sobre a tal “planilha”, mesmo Palocci diz que era um controle interno do Marcelo Odebrecht e que “acha” que se refere a ele. Ou seja, nem Palocci conhecia a tal planilha, quanto mais Lula.

Palocci falou de uma série de reuniões onde não estava e de outras onde não haveriam testemunhas de suas conversas. Todas falas sem provas.

Marcelo por sua vez diz ter pedido que seu pai contasse para Lula e Emílio negou ter contado isso para Lula.

O réu Glauco da Costa Marques reafirmou em depoimento ser o proprietário do imóvel vizinho ao da residência do ex-presidente e ter contrato de aluguel com a  família do ex-presidente, e que está recebendo o aluguel. Uma relação de locador e locatário não se confunde com propriedade oculta.

Processos fora da devida jurisdição com juiz de notória parcialidade, sentenças que não apontam nem ato de corrupção nem benefício recebido, negociações secretas de delação com réus presos que mudam versões de depoimento em busca de acordos com o juízo explicitam cada vez mais que os processos contra o ex-presidente Lula na Operação Lava Jato em Curitiba não obedecem o devido processo legal.

O Instituto Lula reafirma que jamais solicitou ou recebeu qualquer terreno da empresa Odebrecht e jamais teve qualquer outra sede que não o sobrado onde funciona no bairro do Ipiranga em residência adquirida em 1991.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva reafirma que jamais cometeu qualquer ilícito nem antes, nem durante, nem depois de exercer dois mandatos de presidente da República eleito pela população brasileira.

Assessoria de Imprensa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (IL)