Mercedes Sosa, Dandara e Simone de Beauvoir, representadas por Larissa Lopes, Lorena Lemos e Giovanna Abreu. Fotos: Isis Medeiros

Faltam menos de 60 dias para encerrar o financiamento coletivo para publicação do livro fotográfico “100 Mulheres Cabulosas”. Nesse período, estão sendo publicadas fotos e vídeos, um por dia, com imagens e histórias de mulheres do passado e do presente.

A campanha no Catarse iniciou no dia 18 de agosto e termina dia 25 de novembro e objetiva uma tiragem de 2 mil exemplares do livro, que será lançado pela Editora Expressão Popular no início de 2018. Parte dos livros serão doados a bibliotecas, escolas e centros culturais. O projeto já recebeu apoio de artistas e intelectuais como Elza Soares, Ana Canãs e a ex-ministra da Secretaria de Políticas para as Mulheres, Eleonora Meniccuci.

Produzido pelo Levante Popular da Juventude, o projeto resgata a história de personalidades femininas com releituras fotográficas. As integrantes do movimento social interpretam nomes conhecidos como Anne Frank, Elis Regina, Frida Khalo, Maria Bonita e Nina Simone.

Mas o material não se restringe a figuras que tiveram notoriedade. O objetivo também é dar visibilidade àquelas que foram centrais na história da humanidade, mas não ganharam o merecido destaque. Margaret Hamilton é uma delas. A cientista estadunidense foi diretora do Laboratório de Instrumentação do MIT, que desenvolveu o programa de voo usado no Apollo 11, a primeira missão tripulada à Lua.

Com uma trajetória diferente, Carolina Maria de Jesus foi moradora da favela do Canindé, zona norte de São Paulo. Registrou o cotidiano da cidade através do seu olhar como catadora de lixo. Atualmente, é considerada umas das mais importantes escritoras negras do Brasil.

Fotos: Isis Medeiros

100 dias de ocupação contra o retrocesso

“Nunca se esqueça que basta uma crise política, econômica ou religiosa para que os direitos das mulheres sejam questionados. Esses direitos não são permanentes. Você terá que manter-se vigilante durante toda a sua vida”. Essa frase é de autoria de outra “cabulosa” retratada no livro, a filósofa francesa Simone de Beauvoir, uma das maiores referências na literatura feminista mundial.

A fotógrafa Isis Medeiros, umas das idealizadoras do projeto, representa Ísis Dias de Oliveira, estudante e militante da Ação Libertadora Nacional durante a ditadura militar brasileira. Foto: Pedro Faria

“Apesar de ter sido escrita em outro período histórico, a frase nunca foi tão atual”, comenta Isis Medeiros, fotógrafa e uma das idealizadoras do livro. A militante explica que o golpe, que retirou a primeira presidenta do país, está realizando uma grande ofensiva contra os direitos conquistado pelas mulheres nos últimos anos.

“A crise política e os retrocessos na vida das mulheres se intensificaram com o golpe sofrido pela primeira mulher democraticamente eleita em nosso país. Além de formar um ministério apenas com homens, o atual governo fechou secretarias de políticas para mulheres e é responsável pelo aumento exponencial do desemprego, o que leva as mulheres de volta ao lar e, consequentemente, à dependência em relação aos homens”, analisa a fotógrafa.

Conheça a campanha aqui.