Greca deve enviar à Câmara novos projetos que tratam de impostos

Secretário de Finanças de Curitiba cogita congelamento de salário dos servidores em 2017





Secretário disse que as contas da cidade ainda não estão sanadas. Foto: Chico Camargo/CMC

O pacote de maldades do ajuste fiscal do prefeito Rafael Greca (PMN) pode não ter chegado ao fim. Em prestação de contas na Câmara Municipal hoje (27), o secretário de finanças Vitor Puppi deu a entender que a reprovação de algumas medidas como elevação do ITBI e ISS não agradaram a gestão e que os temas devem ser reencaminhados ao legislativo nos próximos dias. Puppi ainda cogitou que os servidores municipais, que tiveram data-base alterada para 31 outubro, podem ficar com os salários congelados em 2017 em nome da austeridade fiscal.

Na apresentação, Puppi voltou a reforçar que arrecadação de impostos ficou abaixo do esperado pela gestão. Embora o IPTU tenha crescido nos últimos anos, sendo de 7,98% em 2017, que é o primeiro ano de mandato de Rafael Greca (PMN), a estimativa de elevação da arrecadação via esse imposto é de apenas 1,17% em 2018. Em contrapartida, o ISS de Curitiba caiu de R$ 108 milhões em 2014 para R$ 91 milhões. Ele admitiu que a estrutura municipal aumentou nos últimos anos, resultado da gestão de Gustavo Fruet, com 30 equipamentos a mais, enquanto que a arrecadação do município não acompanhou a trajetória. Mesmo assim, após os reajustes, a prefeitura encerrará o ano no azul. “Nós vamos encerrar o ano sem novas dívidas”, anotou.

Em números gerais, a previsão orçamentária de Curitiba está em R$ 7,3 bilhões, sendo R$ 4,8 bilhões realizadas até agora. De acordo com o secretário, o caixa da prefeitura de Curitiba está no positivo em R$ 440 milhões de reais após o ajuste fiscal. Por outro lado, para 2017, a cidade tinha R$ 614 milhões de despesas sem empenho. Destes, faltam pagar R$ 248 milhões.

Arrecadação municipal caiu, segundo secretário de finanças.  Reprodução/ YouTube CMC

Mais impostos
Vitor Puppi deixou no ar que o debate sobre impostos deve retornar à Câmara Municipal de Curitiba. “A lei do ITBI deve retornar à Câmara Municipal”, falou em um determinado momento.

As receitas do município cresceram via os principais impostos. Segundo os dados, de uma previsão de arrecadação de R$ 2,5 bilhões via ISS, IPTU, Imposto de Renda, ITBI e ISS, Curitiba já arrecadou R$ 1,67 bilhão.

Mesmo assim, o secretário de finanças afirma que Curitiba iniciou o ano de 2017 com menos de R$ 100 milhões para a saúde e totalmente dependente dos convênios com o governo federal e estadual. Para ele, o orçamento da pasta deve dobrar para 2018. Mas isso depende de maior arrecadação de impostos. “Nós vamos precisar de mais recursos para que unidades de saúde e upas continuem abertas. Nós precisamos que as leis tributárias encaminhadas sejam aprovadas” para equacionar as diferenças.

O secretário Puppi afirma que é necessário fazer ajustes na arrecadação do imposto. Mas, segundo ele, a ideia não é criar novos impostos. O objetivo é avançar na cobrança de médicos e advogados que saiu da pauta após pressão das categorias.

Com congelamentos de salários, LRF deve cair em 2018. Reprodução/ YouTube CMC

Na conta dos servidores
O recente fôlego nas contas da gestão Greca se deve ao adiamento do reajuste dos servidores municipais e aos saques feitos no fundo previdência (IPMC). O secretário de finanças de Greca afirmou que no governo de Gustavo Fruet haviam sido adotadas medidas que beneficiavam os trabalhadores como as incorporações de remunerações variáveis e novos planos de carreira. De acordo com Puppi, o crescimento de custos entre 2012 a 2017 fechou em 25%. Ele ainda comentou que as despesas da gestão anterior não foram quitadas. “Estamos pagando horas extras de 2016. Estamos pagando dívidas. Esse valor gira em torno de R$ 18 milhões e vamos pagar de forma escalonada”. Por outro lado, em 2017, com o congelamento de salários, a situação foi “estabilizada”.

A vereadora Josete (PT) questionou medidas da Prefeitura de Curitiba que visam perdoar dívidas de pessoas físicas e jurídicas para com a cidade. Para ela, em tempos de crise, a cidade não pode fazer essa renúncia fiscal. A vereadora também cobrou transparência das empresas terceirizadas na alimentação, limpeza urbana e ICI. Josete ainda questionou se Greca vai pagar reajuste dos servidores no mês de outubro.

O secretário Vitor Puppi alegou que o Refic se tornou um vício. “O contribuinte deixa de pagar sabendo que vai ter a modalidade. E não houve acréscimo na arredação com o Refic”, alertou. Para ele, não se deve tornar uma prática anual. Já com relação a arrecadação, a alternativa é a “Nota Curitibana”, que incrementa com a arrecadação a partir de campanhas de conscientização. “Estamos estudando formas de tornar a arrecadação mais eficiente”, estipula. Já no tema das isenções, “qualquer renúncia deve ser pensada com arrecadação do outro lado”.

O reajuste dos servidores também foi abordado. Puppi deu a entender que o congelamento de salários está nos planos de Greca. “Nosso principal meta é assegurar os pagamentos atuais. Não podemos pensar sem qualquer majoração, seja reajuste, seja plano de carreira, sem pensar em maior receita. Vamos garantir (reajuste) a partir da certeza de uma receita. Não é possível prometer o que não pode ser comprido”, projetou.

Na apresentação feita pelo secretário há queda da receita corrente liquida, que trata da Lei de Biodisponibilidade Fiscal. As despesas se reduzem de 50,6% no primeiro trimestre de 2017 para 44,43% no projetado para janeiro de 2018. Esse dado revela que o prefeito pode não fazer o reajuste dos servidores em outubro de 2017.

Nos cálculos da prefeitura, das despesas correntes, estava destinado R$ 3,65 bilhões com pessoal e encargos sociais. Até agora, com o adiantamento do 13o salário, foram gastos R$ 2,19 bilhões. Isso representa 60% do orçamento para o ano. As pastas que mais consomem recursos são a saúde (R$ 1,5 bilhão) e educação (R$ 1,3 bilhão). Nessas pastas houve uma elevação de gastos de 18% porque a prefeitura admitiu dívidas não empenhadas. “Não pretendemos chegar a 30% dos recursos com a saúde. O que importa não é a quantidade, mas a qualidade do investimento feito”, admite Puppi

Previdência servidores municipais
Com relação à previdência dos servidores municipais de Curitiba, via IPMC, a estimativa orçamentária é de R$ 1,347 bilhão. Até setembro de 2017, no entanto, já foram pagos R$ 696 milhões. “Depois que o governo federal anunciou que ia reformar a previdência, houve uma corrida pela busca na aposentadoria dos servidores públicos”, admite. “Os repasses do IPMC estão regulares e os valores que foram reconhecidos (como recolhimento inadequado) pela Câmara foram descontados”, aponta.