Deputado que defende intervenção militar para “zerar exageros” gastou R$ 642 mil com viagens e transporte

Roman consumiu R$ 1.1 milhão em cota parlamentar e acredita que ditadura pode conter exageros de consumo





O deputado Evandro Rogério Roman (PSD) durante a sessão especial para votação do impeachment de Dilma Rousseff. Foto: Luis Macedo/ Câmara dos Deputados

O deputado federal Evandro Rogério Roman (PSD-PR), que recentemente defendeu a uma intervenção militar no Brasil como forma de eliminar “todos os exageros desde consumo e outros”, gastou R$ 642 mil dos cofres públicos em viagens e transporte. O valor diz respeito ao início do mandato como parlamentar, em fevereiro de 2014, até o último levantamento parcial de setembro deste ano.

Foram R$ 260 mil gastos em passagens áreas, R$ 163 mil com o aluguel de veículos, R$ 149 mil em combustíveis e lubrificantes para automóveis, R$ 45 mil em hospedagens e R$ 24 mil em outras despesas de deslocamento, como táxis, pedágios e estacionamentos.

No caso do aluguel de veículos, por exemplo, desde setembro de 2015 o deputado tem um gasto fixo de R$ 5.878,90 com a American Car Locadora de Veículos Ltda, de Curitiba. As notas fiscais, disponíveis no Portal da Transparência da Câmara Federal, apontam a locação de dois veículos: um Corolla, da marca Toyota e um Logan, da Renault. A exceção é  dezembro de 2016 quando o valor pago à empresa foi de R$ 3.542,70 pelo aluguel do veículo da montadora japonesa.

Já os gastos destinados para combustíveis e lubrificantes mantem-se, via de regra, entre R$ 4 mil e R$ 6 mil mensais. Este último valor foi atingido em três momentos. Março, julho e agosto de 2016. Somente o Posto de Gasolina Neva Ltda recebeu do mandato de Roman R$ 66,5 mil até agosto deste ano.

Roman também pagou a FTOperadora de Turismo Ltda, em outubro de 2015, R$ 5,6 mil. A empresa, sediada em Foz do Iguaçu, na região oeste do Paraná, descreveu o serviço como “agenciamento, organização, promoção, intermediação e excecução de programas de turimos, passeios, viagens excursões, hospedagens e congêneres”. A informação consta na nota fiscal apresentada ao Portal da Transparência.

Ao todo, o mandato do parlamentar custou aos cofres públicos até o momento R$ 1,1 milhão. Este valor diz respeito somente a cota parlamentar, ou seja, uma verba específica para gastos de manutenção do mandato que podem ir desde postagem nos correios até o aluguel de aeronaves. Salários do deputado e dos assessores, por exemplo, não estão contabilizados.

Ditadura militar – Em entrevista publicada na terça-feira (3) pelo jornal “O Presente”, de Marechal Cândido Rondon, o deputado afirmou ser “muito favorável que entrasse um regime militar por quatro anos e entregasse novamente o poder através de eleição”.

Para Roman, essa poderia ser a solução do Brasil, uma ditadura militar. “Se o Brasil passasse por um processo de uma ditadura, zerasse todos os exageros desde consumo e outros, pode ter certeza que seria um país muito melhor”, analisou.

Perfil parlamentar – Professor de educação física e ex-árbitro de futebol, Evandro Rogério Roman, entrou para a política em 2011, quando passou a integrar o secretariado do Governador do Paraná, Beto Richa. Roman assumiu a secretaria especial do Esporte.

Após integrar o time de secretários de Richa, Roman foi candidato a deputado federal pelo PSD quando foi eleito com mais de 92 mil votos. O deputado é considerado integrante de bancadas conservadoras na Câmara Federal, como a bancada evangélica, contrário ao aborto e apoia o grupo ruralista no Congresso Nacional.

O deputado ainda defendeu, na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), Michel Temer (PMDB) em julho deste ano. Roman votou contra a continuidade de denúncia para investigar o peemedebista.

O ex-arbitro não teve a mesma postura quando da votação da abertura do impeachment de Dilma Rousseff (PT), escolhendo pela continuidade do processo. Roman, que levou a esposa, três filhos, a mãe e a sogra para acompanhar a sessão, classificou as pedaladas fiscais como “um crime nominal contra o povo brasileiro”.

O Porém.net entrou em contato com o deputado por intermédio de sua Assessoria de Imprensa. O objetivo era entender como uma ditadura militar, na opinião de Roman, poderia ser o melhor caminho para a crise no Brasil. Os questionamentos também procuravam elucidar se zerar os exageros de consumo, por exemplo, poderiam estar os gastos com cota parlamentar, esclarecer qual era o serviço prestado pela FTOperadora de Turismo e se o parlamentar mudará de posição na segunda denúncia de Michel Temer.

Roman, porém, preferiu não se manifestar.