Movimentos sociais reivindicam recursos para a agricultura familiar

Integrantes da Frente Brasil Popular realizaram manifestação em frente ao prédio do Ministério da Fazenda em Curitiba





Foto: Gibran Mendes

Representantes dos movimentos sociais integrados à Frente Brasil Popular, sobretudo de trabalhadores rurais, participaram de uma marcha na manhã desta quarta-feira (18) no centro de Curitiba. Os manifestantes foram até o prédio do Ministério da Fazenda, na capital paranaense, para reivindicar mais recursos para a agricultura familiar e pequenas propriedades.

Da coordenação do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), Roberto Baggio, endureceu o tom com relação aos cortes promovidos pelo Governo Federal sob a gestão de Michel Temer (PMDB). “É um protesto, uma denúncia, mas ao mesmo tempo uma reivindicação”, resumiu.

De acordo com ele o objetivo é que o orçamento do próximo ano incorpore demandas necessárias para os trabalhadores rurais. “A reforma agrária, a agicultura familiar e a aquisição de alimentos são importantes para possibilitar o desenvolvimento da pequena agricultura e projetos de assentamentos no País inteiro”, argumentou.

Os cortes no orçamento, promovidos pelo Governo Federal, atingiram diretamente esses trabalhadores. “O Ministério da Fazenda arrecada os impostos da classe trabalhadora em todo o País. O grosso destes recursos são destinados ao pagamento de juros da dívida, que no fundo, é pagar os grandes banqueiros. A nossa luta é para que os impostos arrecadados pelo povo brasileiro sejam aplicados em políticas de desenvolvimento na saúde, educação, reforma agrária, melhores salários. Ou seja, em benefício da própria população brasileira”, completou.

O coordenador da Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar do Paraná (Fetraf) e diretor da CUT Paraná, Neveraldo Oliboni, ressaltou que esta não é uma atividade isolada. “Faz parte da nossa jornada nacional de lutas do campo unitário. Sabemos que o Governo, com todos os cortes nos gastos públicos, fez com que a agricultura familiar fosse muito afetada. Foram cortadas políticas essenciais, como o minha casa minha vida, programas de incentivo ao Pronaf e aquisição de alimentos da agricultura familiar”, exemplificou Oliboni.

Como se não fosse o suficiente, o Governo Federal ainda determinou a importação de leite em pó do Uruguai, o que acarretou uma queda no valor de venda deste produto no Brasil. “Aumentou a oferte e fez com que os grandes latícinios baixassem o preço porque o consumo também diminuiu. Quem perde é o agricultor, aquele que produz. Queremos ter a garantia de que o governo investirá no mercado interno, no mercado brasileiro e não importando de outros países”, completou.

Uma comitiva dos representantes dos movimentos foi recebida por diretores do Ministério da Fazenda. Eles entregaram uma carta com a lista de reivindicações que também será entregue em uma agenda em Brasília. Entre as demandas estão políticas em infraestrutura, habitação, a recomposição do orçamento do programa de aquisição de alimentos e o reconhecimento e indenização de terras quilombolas.

Caixa Pública – No final da manhã trabalhadores bancários e representantes da Frente Brasil Popular participaram de um encontro para defender a Caixa Econômica Federal como banco público. A atividade aconteceu na agência da Praça Carlos Gomes, no centro de Curitiba.

A representante dos trabalhadores no Conselho da CEF, Maria Rita Serrano, falou sobre os planos de transformar a estatal e uma empresa de capital aberto. Funcionários do banco desceram e realizaram um abraço simbólico no prédio da instituição.

“A Caixa Econômica Federal tem um papel fundamental no desenvolvimento econômico e social do Brasil. São investimentos e financiamentos em habitação, na construção civil, agricultura familiar e um sem fim de programas que têm impacto diretamente na vida da população e no desenvolvimento do País. Defender a Caixa Pública é defender o Brasil”, enfatizou a presidenta da CUT Paraná e uma das coordenadoras da Frente Brasil Popular, Regina Cruz.

Programação – No Paraná, a jornada de lutas já teve uma marcha da agricultura familiar nesta terça-feira (9), além de uma audiência pública em defesa dos bancos estatais. Na quinta-feira (19) um abraço simbólico no Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e nos Correios está marcado para às 12h na Praça Carlos Gomes. No início da noite, às 19h, será realizado o lançamento do Plebiscito Revogatório das medidas do golpe, no espaço Renascer. Já na sexta-feira (20) acontece a Conferência Popular de Educação e às 9h uma Audiência Pública, na Alep, em defesa da democracia, políticas públicas e direitos humanos.