Foto: Luis Macedo/Câmara dos Deputados

Os deputados federais voltaram a salvar o presidente Michel Temer de investigação por parte do Ministério Público Federal. Foram 251 votos favoráveis e 233 votos contrários ao relatório do deputado Bonifácio de Andrada (PSDB/MG) que pediu o arquivamento das investigações. Os principais partidos a salvarem Temer são o PMDB, o PSDB e o DEM. Outros partidos fecharam apoio contra as investigações, como são os casos de PSC, Solidariedade e PTB. PSD foi um dos partidos que liberou a votação. No campo da oposição, PT, PSOL, Rede, PDT, PHS, PCdoB votaram contra o relatório. Esses partidos fizeram obstrução ao longo de todo dia, uma vez que a tendência era impedir as investigações.

O presidente Michel Temer não pode comemorar vitória com o arquivamento das investigações. Por um momento, por volta das quatro da tarde, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM) quase adiou a votação por falta de quórum. Naquele momento havia sido registrada a presença de apenas 320 deputados em plenário. Eram necessários 342, sendo que a casa tinha mais de 400 deputados presentes. Após manobra dos governistas, que ameaçavam com o corte de ponto, o quórum foi atingido.

Na primeira denúncia, em 2 de agosto os votos favoráveis a Temer foram de 263. Por outro lado, aqueles que queriam a continuidade das investigações somaram 227 votos. O plenário contou 19 ausências, em um total de 492 votantes. Na segunda denúncia apresentada pelo ex-procurador geral da República, Rodrigo Janot, os favoráveis ao arquivamento contabilizaram 251 votos. Já os que queriam o prosseguimento das investigações foram 233. Dessa vez, a Casa contabilizou 25 ausências.

A votação ocorreu em meio a novas suspeitas de compra de votos. O deputado Darcisio Perondi, do PMDB do Rio Grande do Sul, foi flagrado com uma lista de emendas do Ministério da Agricultura. Conforme os deputados registraram a presença em plenário, o parlamentar marcava um X nos recursos que podem vir a ser liberados. O próprio relator do pedido de arquivamento, Bonifácio de Andrada (PSDB), admitiu ter recebido R$ 11 milhões em emendas antes de apresentar seu parecer.

Argumentos

Diferente do impeachment da presidente Dilma Rousseff e da primeira denúncia contra Temer, os deputados estavam mais contidos ao proferir seus votos. Principalmente aqueles que votavam a favor do arquivamento. Estes se limitavam a dizer que a economia está em recuperação e que a acusação não tinha fundamento. “É uma farsa essa acusação”, cravou Leonardo Piciani (PMDB/RJ). Doutro lado, a oposição apontou novamente o golpe em Dilma Rousseff, a contrariedade às reformas, ao “Quadrilhão” e contra o trabalho escravo. A oposição ainda questionou a compra de votos. “É repugnante ver que o governo usa corrupção para barrar investigação de corrupção. Votar pelo arquivamento é obstrução da Justiça”, afirmou Chico Alencar (PSOL/RJ).

Chamou atenção o voto do deputado Cabo Daciolo (Avante/RJ) . Ele votou pela investigação, acusou metade da bancada evangélica de ser corrupta e pediu intervenção militar e divina no Brasil.

Paraná

18 deputados votaram a favor de Temer e pelo arquivamento das denúncias

Alex Canziani (PTB), Alfredo Kaefer (PSL), Dilceu Sperafico (PP), Edmar Arruda (PSD), Evandro Roman (PSD), Giacobo (PR), Hermes Parcianello (PMDB), João Arruda (PMDB), Luiz Carlos Hauly (PSDB), Luiz Nishimori (PR), Nelson Meurer (PP), Nelson Padovani (PSDB), Osmar Bertoldi (DEM), Osmar Serraglio (PMDB), Reinhold Stephanes (PSD), Sérgio Souza (PMDB), Takayama (PSC) e Toninho Wandscheer (Pros).

12 Votaram contra Temer e pelo prosseguimento da denúncia
Aliel Machado (Rede), Assis do Couto (PDT), Christiane Yared (PR), Diego Garcia (PHS), Ênio Verri (PT), Francischini (SD), Leandre (PV), Leopoldo Meyer (PSB), Luciano Ducci (PSB), Rubens Bueno (PPS), Sandro Alex (PSD) e Zeca Dirceu (PT).

Mal estar

Ainda pela manhã, antes do início da votação e enquanto ocorria a obstrução, o presidente Michel Temer passou mal e foi atendido no hospital do Exército. Em nota à imprensa, a assessoria afirmou que o presidente Michel Temer teve um desconforto  e que o médico de plantão constatou uma obstrução urológica.