Portal R7: Record vai negociar escala de plantão, mas demite grevistas

Dos cerca de 60 jornalistas que entraram em greve , seis foram demitidos pela empresa

Foto: Flaviana Serafim/SJSP

A Rede Record aceitou negociar com os trabalhadores e com o Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo (SJSP) a mudança de escala de plantão de final de semana no Portal R7, depois que cerca de 60 jornalistas entraram em greve, das 13h30 da quinta-feira (30) até às 16h desta sexta-feira (1), em protesto contra a medida que foi tomada pela empresa sem qualquer diálogo prévio. A alteração da escala de 3 x 1, ou seja, de um final de semana trabalhado para três de folga, para 2 x 1 a partir de janeiro, foi comunicada por e-mail nesta quinta, gerando revolta pela arbitrariedade da mudança.

Porém, apesar de ter aceitado dialogar, no período da manhã, a empresa, em mais uma ação truculenta, demitiu um editor e um redator e, no período da tarde, logo depois que os jornalistas decidiram voltar ao trabalho, foram demitidos outros três editores e um repórter.

Na proposta de acordo apresentada pela diretoria de Recursos Humanos, também foi definido que as horas da paralisação serão descontadas e os jornalistas aceitaram, apesar de não concordarem com o desconto devido à legitimidade do movimento.

Por isso, na reunião com a direção da Record, o Sindicato vai negociar a mudança na escala e também a compensação de horas da greve bem como a reversão das demissões, como aprovado em assembleia pela categoria na tarde desta sexta-feira.

Autoritarismo e precarização crescem nas redações da Record

Enquanto estavam em greve e concentrados no piquete em frente à Record, na zona oeste paulistana, os jornalistas sofreram ameaças de demissão e foram assediados moralmente pelo diretor de redação do portal, que pressionou pela volta ao trabalho de forma autoritária.

Quando a paralisação começou, o Sindicato prontamente buscou intermediar o diálogo e procurou a direção da Record, mas a empresa se recusou a receber os sindicalistas.

Na avaliação dos dirigentes do SJSP, o autoritarismo e a intransigência da direção da Record só pioram as condições de trabalho que já vêm sendo precarizadas devido a outras atitudes truculentas por parte da empresa. Para os sindicalistas, a alteração da escala de plantão foi a gota d’água e a greve expressa um descontentamento que envolve outras arbitrariedades da rede.

Há cerca de um ano e meio,  sob o pretexto de aplicar o intervalo intrajornada, a emissora impôs, na prática, um aumento da jornada e muitos profissionais passaram a trabalhar uma hora a mais diariamente. Nos meses seguintes à implantação do intervalo intrajornada, ocorreram diversas demissões com enxugamento das redações e aumento da pressão de trabalho.

O descontentamento dos jornalistas se ampliou, ainda, com o resultado da última Campanha Salarial de Rádio e TV, que ficou com reajuste abaixo da inflação depois de dois anos de salários congelados e que deixou para trás o pagamento de uma Participação nos Lucros e Resultados (PLR) por conta da intransigência patronal.