O macarthismo da Gazeta do Povo sobre as escolas





Foto: Gustavo Gargioni/Especial / Fotos Públicas

Cleiton Costa Denez*

A Gazeta do Povo ao vincular o que chama de “Nova plataforma de denúncias de doutrinação ideológica em escolas” demonstra que sua linha editorial decidiu rasgar o jornalismo e o profissionalismo para se tornar em um panfleto de denuncismo e perseguição ideológica macarthista.

A Gazeta reproduz dia a dia matérias de cunho ideológico sem cabimento algum, matérias que chegam ao ridículo, como as que tratam sobre uma suposta ideologia de gênero, e entre outras como educação moral, escola sem partido e doutrinação ideológica nas escolas. A linha editorial parece que perdeu a “linha”, o bom senso, sentido de realidade e o “carretel” inteiro para se pautar única e exclusivamente na batalha ideológica contra as escolas públicas.

A Gazeta pretende, pelo menos é a impressão que se tem, reinventar a Guerra Fria a moda americana do macarthismo e escolheu as escolas públicas como alvo. O termo pode ser empregado para descrever a prática da Gazeta do Povo, já que o veículo de comunicação revolveu adotar o patrulhamento anticomunista e outros aspectos novos, como a tara pela suposta ideologia de gênero, o assunto favorito do seu editorial, tal como o Senador republicano Joseph McCarthy promoveu nos EUA.

McCarthy promoveu uma verdadeira “caça às bruxas’, um dos termos utilizados definir essa triste memória americana. Não é difícil perceber iniciativas similares na prática da Gazeta, incitando a coação sobre educadores(as) com acusações imprudentes e pouco fundamentadas, demagógicas e com finalidade políticas dissimuladas.

Não sei se há comunistas, ou outros …istas como a Gazeta do Povo espera encontrar nas escolas, até porque tem pessoas que acham comunistas até debaixo da cama nos últimos tempos. Mas se a Gazeta procurar, vai encontrar muitos problemas nas escolas, que estão além dos seus limites, como o sucateamento da estrutura ou a “Operação Quadro Negro” é doutrinação ideológica também? Se procurar vai encontrar um clima de desalento dos profissionais da educação que foram massacrados e humilhados no “29 de abril” e que vem a cada dia adoecendo pelas péssimas condições de trabalho que são impostos, ou seria isso doutrinação?

Se a Gazeta procurar, vai encontrar, mesmo com todos os problemas, a escola como a única possibilidade de muitas crianças, que são recebidas por esse professores “doutrinadores” com a esperança de um futuro melhor. A escola resiste a mais um ataque, resiste a doutrinação midiática, perseguição e marcatismo de meios de comunicação que deviam informar, mas perderam completamente a noção de bom senso e realidade em seus devaneios ideológicos.

Terá a Gazeta, depois de promover o macarthismo contra professores(as) e escolas pública o mesmo fim de McCarthy, considerado uma vergonha para os americanos com os seus devaneios que caíram totalmente em descrédito na opinião pública com as claras violações dos direitos individuais?

*Cleiton Costa Denez é Professor Doutor em Geografia pela UEM, Secretário Executivo Educacional da APP/Sindicato.