Prefeito de Porto Alegre quer o Exército nas ruas no dia do julgamento de Lula

Aliado de Temer, o tucano Nelson Marchezan já aprovou lei cobrando multa em manifestações não autorizadas





Nelson Marchezan Júnior, prefeito de Porto Alegre. Foto: Luciano Lanes/PMPA

O prefeito de Porto Alegre, Nelson Marchezan (PSDB) voltou a acirrar os ânimos para o julgamento do ex-presidente Lula no dia 24 de janeiro, no Tribunal Regional Federal da 4a Região (TRF4). Ele peticionou ao presidente Michel Temer (PMDB) solicitando o apoio da Força Nacional de Segurança e do Exército para fazer a segurança da cidade. No fim de 2017, o mesmo prefeito havia enviado projeto à Câmara Municipal em que aprovava uma lei anti-manifestação, multando grupos que se mobilizassem sem a autorização do município.

No ofício 005/18, o prefeito solicita o apoio das forças de segurança para garantir a ordem pública diante de iminente perigo à integridade dos cidadãos. Porém, em sua conta no Twitter, o tucano foi menos ponderado, alertando para uma verdadeira invasão da capital gaúcha. “Solicitei ao Presidente @MichelTemer o apoio da Força Nacional e do Exército Brasileiro para atuarem no dia 24.  Devido as manifestações de líderes políticos que convocam uma invasão em Porto Alegre, tomei essa medida para proteger o cidadão e o patrimônio público”.

A petição é criticada pela senadora e presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann. Para ela, o prefeito está com medo do povo. “Primeiro o MPF do RS e agora esse prefeito?! Força Nacional e Exército?! Quem está destruindo o patrimônio público e agredindo o cidadão é o governo golpista apoiado por vocês”, tuitou. Gleisi já havia criticado o Ministério Público que impediu acampamento do MST na cidade e que agora quer manter o diálogo.

Em Curitiba, os dois depoimentos de Lula foram marcados por tensão. No entanto, não foram registrados confrontos entre manifestantes pró-Lula e contra o ex-presidente. Na maior manifestação em 10 de maio, a Polícia Militar do Paraná deslocou 1,7 mil agentes e isolou cerca de 17 ruas no entorno da Justiça Federal do Paraná, no bairro Ahú. O custo do Governo do Paraná foi de R$ 110 mil.

Lei anti-manifestação

Em dezembro de 2017,  a Câmara Municipal de Porto Alegre aprovou o Projeto de Lei Complementar 006/17 do Executivo, que amplia o poder de polícia administrativa da Guarda Municipal. Com a justificativa de coibir práticas como pichação ou aumento da “ocupação de bens de uso comum do povo”, a chamada “lei anti-vandalismo” aumenta o escopo de atuação da Guarda.

Em um dos trechos de defesa do projeto, o prefeito Nelson Marchezan Júnior alegou que “a utilização desordenada de vias e outros espaços públicos para manifestações e eventos, sem prévio aviso, afetam a mobilidade urbana e devem ser compatibilizadas, igualmente, com a necessidade de manter-se a limpeza e ordem na cidade”. O texto prevê multas entre 1 mil Unidades Financeiras Municipais (R$ 3.905,2) e 100 mil UFMs (R$ 390.052) por “embaraçar ou impedir, por qualquer meio, o livre trânsito de pedestres ou veículos nos logradouros públicos”.