Banda Os Mulheres Negras faz quatro apresentações no fim de semana

Grupo icônico dos anos 1980, formado por Maurício Pereira e André Abujamra, faz shows a preços populares. Músicos lançam discos solo em 2018.





A banda Os Mulheres Negras. Foto: Gal Oppido/Divulgação

Não seria arriscado dizer que Os Mulheres Negras foram uma das bandas mais inovadoras da cena musical brasileira da década de 1980. No entanto, “a terceira menor big band do mundo”, como os próprios únicos dois integrantes a auto intitulava, se desfez em 1990 frente os projetos solos e paralelos de André Abujamra e Maurício Pereira.

Passados mais de vinte anos, os músicos retomaram o projeto e passaram a fazer shows esporádicos. É nesse contexto que a CAIXA Cultural de Curitiba recebe neste fim de semana a banda em quatro apresentações.

Os Mulheres Negras ficou conhecida à época sobretudo pela enorme inventividade com que vestia suas canções, sendo taxada por vários críticos como à frente de seu tempo. Um dos motivos, é que os músicos trabalhavam no palco com samplers, fazendo parecer que tinham muito mais músicos em cena.

Com o término da banda, André Abujamra passou a se dedicar ao grupo Karnak e Maurício Pereira, à carreira solo. O Karnak atuou fortemente até o ano de 2002, tendo lançado nesse período três discos. A banda lançou canções memoráveis como “Alma Não Tem Cor”, “Comendo Uva na Chuva” e “Universo Umbigo”. Assim como acontece com Os Mulheres Negras, Karnak também se apresenta esporadicamente. Desde 2004 Ambujamra se dedica à carreira solo, e muitos outros projetos, tendo lançado quatro álbuns: “O Infinito de Pé” (2004), “Retransformafrikando” (2007), “Mafaro” (2010) e “O Homem Bruxa” (2015). Maurício Pereira, por sua vez, se dedicou à carreira solo lançando seis discos, entre eles “Pra Marte” (2007), “Carnaval Turbilhão” (2009) e “Pra Onde que Eu Tava Indo” (2014).

O Porém.net conversou com André Abujamra sobre O Mulheres Negras e suas outras invencionices. Ele promete disco novo para março o que, parece, é seu projeto mais ousado. Veja abaixo.

Tem muita gente dizendo que Os Mulheres Negras está agora, 30 anos depois de seu surgimento, no ponto certo. Quer dizer que na década de 1980 vocês estavam musicalmente muito à frente do que acontecia no país. Como você vê isso?

Nós nunca nos preocupamos em estar à frente de nada. Sempre misturando todas as influências que os dois traziam na bagagem. Soamos meio estranho, mas até hoje é muito gratificante dividir o palco com o Mauricio Pereira. Então acho que essa maneira de ver a música sem preconceitos é o que nos coloca em algum lugar no cenário musical.

O que o público pode esperar do retorno dos Mulheres Negras? Teremos um novo álbum?

O Nosso retorno aconteceu pelo prazer de tocarmos juntos. A energia no palco é o que nos une. Um novo CD pode acontecer um dia, mas individualmente estamos focados na nossa carreira solo. Tanto eu, quanto o Mauricio vamos lançar novos álbuns este ano.

Você tem muitos outros projetos paralelos. Como andam Karnak e Gork (projeto de banda punk)?

Outros projetos? Muitos. O Karnak é uma família, sempre que rola um bom convite e disponibilidade de agenda de todos rola um show. O Gork infelizmente está no estaleiro. Além disso tem o Fat Marley, meu lado produtor de música eletrônica experimental, que eu adoro e também estou terminando um novo disco. Também trabalho com trilhas para teatro e cinema. Já fiz mais de 60 trilhas de filmes.

E quanto à carreira solo. Você está com um disco novo sendo preparado. O que já pode ser divulgado sobre isso?

Em 22 de março tem o lançamento mundial de “Omindá”, meu projeto mais ousado. Comecei a trabalhar nele há 11 anos e gravamos com artistas convidados de 13 países diferentes. Estar em contato com outras culturas foi uma experiência maravilhosa. “Omindá” significa em yorubá “a união das almas do mundo pelas águas”. Esse é o espírito com que fiz este novo trabalho.

Tua relação com Curitiba é bastante intensa. Você já morou aqui e, acredito, deve conhecer bem a produção musical local. Como você vê o que vem sendo feito na cidade?

Vivi em Curitiba por 4 anos, criei com um grupo de amigos paranaenses a “Família Lovborgs”, uma doideira músico-teatral. Admiro a música de Melina Mulzani, que tem uma voz linda e gosto muito do trabalho da Banda Mais Bonita da Cidade.

E no Brasil, você destacaria algo que vem acontecendo na música nacional?

Seria injusto citar um ou dois nomes com a quantidade, qualidade e diversidade de artistas que existem no Brasil. Mas acredito que precisamos voltar a existir no mundo como expressão musical. Um país que tem uma música tão criativa como a nossa, não pode ficar a margem do mercado mundial como tem ocorrido nos últimos anos.

Os Mulheres Negras
CAIXA Cultural – Rua Conselheiro Laurindo, 280
Ingressos a R$ 20,00 e R$ 10,00 (meia)
Sexta-feira, dia 12, às 20h; sábado, às 19h e 21h; domingo, às 19h