Paraná registrou 275 mortes em confrontos policiais em 2017

76% dos mortos são jovens do sexo masculino, com idade entre 18 e 29 anos, segundo dados do Gaeco.




FonteGaeco

Foto: Polícia Civil do Paraná

Durante o ano de 2017, 275 pessoas morreram em confrontos com policiais no Paraná. Deste total, 131 mortes ocorreram no segundo semestre do ano, quando houve ligeiro recuo em relação ao primeiro semestre, que fechou com 144 casos. Já na comparação do total de mortes entre 2017 e os anos anteriores, o quadro é o seguinte: em 2015, foram 247 casos, em 2016, 264 e neste último ano, 275.

O balanço foi elaborado pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), órgão do Ministério Público do Paraná que tem entre suas funções o controle da atividade policial, a partir de informações repassadas pelas polícias Militar e Civil e pelas Guardas Municipais. Ele foi encaminhado ao secretário de Segurança Pública, ao delegado-geral da Polícia Civil e ao comandante da PM, para conhecimento.

Para o procurador de Justiça e coordenador estadual do Gaeco, Leonir Batisti, o resultado é motivado pela sociedade violenta em que estamos todos inseridos. “Naturalmente há situações em que a ação policial foge do padrão, como no caso em que a avaliação da realidade por parte do policial é equivocada (e, em outros estados, temos visto alguns exemplos com resultados funestos). Há ainda uma terceira situação (ao que consta, felizmente, em número bem modesto), em que a ação policial decorre de vingança individual ou de motivos não legítimos”, avaliou.

O controle de mortes em confrontos pelo Gaeco está sendo feito desde 2015. O levantamento permite o pronto acompanhamento dos casos pelas Promotorias de Justiça, em todo o Estado, de modo a assegurar a correta apuração das mortes e contribuir para diminuir a letalidade das abordagens e confrontos policiais.

Enfrentamentos – Das 131 mortes registradas no segundo semestre do 2017, 125 ocorreram em confrontos com policiais militares, quatro com policiais civis e duas com guardas municipais. Considerando os 275 óbitos do ano, 263 foram em situações que envolveram policiais militares, seis com policiais civis e seis com guardas municipais.

Das 275 mortes ocorridas em confrontos com policiais em 2017, 229 ocorreram em “situação normal de serviço” e 46 em situação de folga dos policiais ou guardas municipais. As mortes derivam de 236 eventos, isto é, situações de enfrentamento, significando que em algumas situações foi morta mais do que uma pessoa. Os confrontos ainda deixaram 236 feridos, um número 17% menor do que o verificado em 2016, quando foram anotados 284 feridos.

Faixa etária – A faixa etária com mais vítimas de confrontos com policiais militares no segundo semestre de 2017 foi a de jovens com idade entre 18 e 29 anos, praticamente todos do sexo masculino. Elas correspondem a 76% do total de vítimas (portanto, três em cada quatro mortos eram jovens), um percentual maior do que o verificado no semestre anterior (63%). A faixa de 13 a 17 anos, que representava quase 11% no primeiro semestre, foi reduzida a menos que 6% no segundo semestre. E a faixa dos que tem idade entre 30 e 59 anos, que representava 25% no primeiro semestre, reduziu-se a 17% nos últimos seis meses do ano.