Greve dos jornalistas do “O Diário” entra no 10º dia

Jornalistas fizeram protesto em frente ao edifício onde mora Frankilin Vieira Silva. Exemplares do "O Diário" foram queimados e uma caixão simbolizou a morte da atua gestão da empresa





Foto: Sindicato dos Jornalistas do Norte do Paraná

A greve dos jornalistas do “O Diário”, veículo de comunicação com sede na cidade de Maringá, noroeste do Paraná, entrou no seu décimo dia nesta sexta-feira (16). Sem receber salários desde outubro de 2017 e sem recolhimento de FGTS desde 2016, quinze jornalistas profissionais cruzaram os braços no dia 7 de fevereiro.

De propriedade do empresário Franklin Vieira da Silva, o jornal está em processo de recuperação judicial desde o fim de 2016. Na tarde de quinta-feira (15), os grevistas fizeram um protesto em frente ao edifício onde mora o proprietário do jornal com o intuito de chamar a atenção da sociedade maringaense. Um caixão foi levado ao local para simbolizar a morte da atual gestão do veículo de comunicação. Nele estavam cartazes pedindo respeito aos jornalistas.

Uma faixa com a frase “Frank pague o que nos deve” foi estendida pelos jornalistas e exemplares do “O Diário” foram queimados em frente ao luxuoso edifício. “Esses exemplares são sinônimos de uma farsa, uma maquiagem, que não retratam dignamente a história de Maringá, do Paraná e do Brasil”, criticou Danilo Marconi, presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Norte do Paraná.

Exemplares do jornal foram queimados no protesto. Foto: Sindicato dos Jornalistas do Norte do Paraná

No ato público os trabalhadores denunciaram que a direção do veículo segue fazendo retiradas de recursos para sócios da empresa, em afronta à lei de recuperação judicial. O silêncio da mídia de Maringá em relação à greve no “O Diário” também foi alvo de crítica. Ex-presidente do Sindicato das Empresas Proprietárias de Jornais e Revista do Paraná (Sindejor), Franklin Vieira tem usado sua influência com os demais proprietários da mídia regional, apontam os grevistas.

Apesar de alguns jornalistas da empresa não terem aderido ao movimento paredista, de domingo (11) à quarta-feira (14), o periódico não teve circulação. Como os chamados “fura greves” não tem suprido a demanda, a empresa tem buscado a contratação de “freelancers”, aponta o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Norte do Paraná.

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A exemplo de grande parte dos veículos de comunicação no Brasil, “O Diário” recebe parte de seu financiamento de órgãos públicos. Somente dos cofres do Governo do Paraná, entre 2011 e 2017, o valor chega a R$ 905 mil.

É comum também que parlamentares destinem parte de suas verbas para mídias locais. Os deputados Federais, Edmar Arruda, Luiz Nishimori e Sérgio Souza também contribuem financeiramente com o jornal. Seja com a impressão de jornais de suas atividades parlamentares, divulgação de ações ou até mesmo assinaturas. Neste legislatura foram R$ 18 mil.

Assinaturas, aliás, que renderam nos últimos anos quase R$ 60 mil vindos da Assembleia Legislativa do Paraná para 78 assinaturas do jornal com dispensa de licitação nos últimos anos. Os dados sobre as verbas recebidas pelo veículo estão disponíveis nos portais de transparência dos respectivos órgãos.