Festival de Curitiba abre venda de ingressos

27ª edição do Festival traz o "corpo" como tema. Veja nosso guia com dez espetáculos imperdíveis.





Gira - Foto: Jose Luiz Pederneiras / Divulgação.

Os ingressos para o Festival de Curitiba estão à venda, mas não é tarefa fácil se programar. Serão mais de 400 atrações entre peças de teatro, musicais, variedades, debates, palestras e oficinas. Tudo acontece entre os dias 27 de março e 8 de abril com preços que variam de gratuito a R$ 70,00.

Para esta 27ª edição, a curadoria do Festival elegeu o corpo como o principal vetor a ser estudado, visto e debatido. “Corpos, cidades, memória e a contracena na ocupação de espaços públicos são os temas propostos a partir desta inspiração para os ecos em Curitiba
de 2018”, diz o texto curatorial assinado por Márcio Abreu e Guilherme Weber.

É por isso que a peça “Domínio Público” promete ser uma das mais comentadas. O espetáculo, que está sendo gestado especialmente para o evento, conta com a presença no palco de artistas que causaram convulsões no conservadorismo brasileiro em 2017, tais como o performer Wagner Schwartz, responsável pela idealização e encenação da performance “La Bête”. Na apresentação, ele permanecia sem roupas enquanto o público tinha a liberdade de manipular seu corpo, colocando-o em diversas posições. No entanto, um vídeo que viralizou nas redes sociais mostrava que uma criança estava presente durante a apresentação realizada no Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM), em setembro de 2017. Essa criança também tocou o corpo de Wagner, o que foi suficiente para inflar a ira de muitos. Os outros artistas que compõem o elenco de “Domínio Público” são a atriz travesti Renata Carvalho (ela interpretou Jesus na peça “O Evangelo Segundo Jesus, a Rainha do Céu”, gerando revolta e até proibições); Maikon K, artista paranaense que chegou a ser detido durante uma performance em Brasília (ele passaria quatro horas dentro de uma bolha, também sem roupas, embora a performance tenha sido interrompida pela Polícia Militar em menos de 30 minutos); e Elizabeth Finger, a mãe que permitiu a criança tocar no corpo de Wagner Schawrtz.

Outros destaques ficam por conta do Grupo Corpo que traz o programa duplo “Dança Sinfônica + Gira”; da peça “Grande Sertão: Veredas”, com direção de Bia Lessa;  “Denise Stoklos em Extinção”, da própria Denise Stoklos, entre muitos outros.

A programação completa e informações sobre ingressos pode ser acessadas no site do Festival: festivaldecuritiba.com.br

Abaixo segue um pequeno guia com dez peças que consideramos imperdíveis:

Boca de Ouro
31 de março e 1 de abril no Teatro Guaíra
R$ 70,00 e R$ 35,00 (meia)

Boca de Ouro – Foto: João Caldas Fº / Divulgação

Com direção e cenografia de Gabriel Villela, essa versão da tragédia carioca de Nelson Rodrigues, de 1959,  abre com um cordão típico das gafieiras mais tradicionais do país. Usando confetes, serpentinas e máscaras, o diretor cria uma encenação com aura de carnaval, embalada por 14 grandes sucessos que vão de Dalva de Oliveira, Herivelto Martins, Ary Barroso, Ataulfo Alves, Lupicínio Rodrigues a João Bosco, entre outros.

Cabaret Macchina
3 e 4 de abril na Rua da Cidadania Matriz (Praça Rui Barbosa)
Gratuito

Cabaret Macchina – Foto: Amira Massabki / Divulgação.

Os artistas da Casa Selvática, sediada em Curitiba, vão às ruas da cidade em busca dos restos de um herói. O coletivo exercita assim uma nova possibilidade para o mundo, um espetáculo máquina desejante. No humor corrosivo de um famigerado cabaré, o dia-a-dia de vedetes encenando clássicos ocidentais em uma pós-ópera antiedipiana. Dentro da cidade, personagens canônicas dos escombros de um teatro de guerra se encontrarão com os fantasmas de uma contemporaneidade que atira a tudo e a todos no grande vácuo do desuso.

Dança Sinfônica + Gira
28 e 29 de março no Teatro Guaíra
R$ 70,00 e R$ 35,00 (meia)

Gira – Foto: Jose Luiz Pederneiras / Divulgação.

Grupo Corpo apresenta um programa duplo no Festival de Teatro de Curitiba: Dança Sinfônica, obra criada em 2015, por ocasião da comemoração dos 40 anos da companhia e Gira, sua mais recente criação.

Denise Stoklos em Extinção
5 e 6 de abril no Guairinha
R$ 70,00 e R$ 35,00 (meia)

Denise Stoklos em Extinção – Foto: Isadora Ferrite / Divulgação.

Espetáculo solo de Denise Stoklos baseado no livro “Extinção”, do austríaco Thomas Bernhard, que apresenta uma obra demolidora das ideias sobre valores conservadores de nossa sociedade, e que a mantém negativa, limitando os espaços de exercício de liberdade e de amor.

Dinamarca
1 e 2 de abril no Teatro Paiol
R$ 70,00 e R$ 35,00 (meia)

Dinamarca – Foto: Bruna Valença / Divulgação.

É o Hamlet antropofágico do grupo Magiluth, de Recife. Um reino que acaba de viver um golpe de estado é o cenário metáfora para a feroz crítica às elites feita pelos pernambucanos em sua festa selvagem. A onipresença de corpos masculinos remetem ao comportamento de uma sociedade patriarcal em cenas simbólicas de potente discurso.

Domínio Público
29 e 30 de março no Teatro da Reitoria
R$ 70,00 e R$ 35,00 (meia)

Domínio Público – Foto cedida pela assessoria de imprensa do Festival de Curitiba / Divulgação.

Em 2017, os artistas Maikon K, Renata Carvalho, Wagner Schwartz e Elisabete Finger foram objeto de acalorados debates em torno da liberdade de expressão, censura e limites na arte.
Maikon ficou conhecido como “o homem nu da bolha”, Renata, como “a travesti que interpreta Jesus”, Wagner como “o homem nu do MAM” e Elisabete como “a mãe do MAM” (a mãe que permitiu que sua filha tocasse o tornozelo do homem nu). Nesta peça, os quatro se colocam diante do público – sem a intermediação de plataformas digitais, telas de computador ou telefones celulares – com microfones abertos para amplificar o que sabemos sobre aquilo que pensamos.

Grande Sertão: Veredas
7 e 8 de abril (local ainda a confirmar)
R$ 70,00 e R$ 35,00 (meia)

Grande Sertão: Veredas – Foto: Pablo Saborido / Divulgação.

Bia Lessa propõe a um só tempo uma peça de teatro e uma instalação em sua adaptação do livro Grande Sertão: Veredas – matriz do moderno romance brasileiro e obra-prima de João Guimarães Rosa. A peça traz para o palco a saga do jagunço Riobaldo que atravessa o sertão para combater seu maior inimigo, Hermógenes, fazer o pacto com o diabo e viver seu amor por Diadorim. O cenário-instalação estará aberto à visitação do público.

Preto
4 e 5 de abril no Teatro José Maria Santos
R$ 70,00 e R$ 35,00 (meia)

Preto – Foto: Nana Moraes / Divulgação.

A direção é de Marcio Abreu, um dos curadores do Festival. O espetáculo se articula a partir da fala pública de uma mulher negra, uma espécie de conferência sobre questões que incluem racismo, a realidade do negro e da negra no Brasil hoje, o afeto e o diálogo, a maneira como lidamos com as diferenças e como cada um se vê numa sociedade marcada pela desigualdade.

Salomé
28 e 29 de março no Guairinha
R$ 40,00 e R$ 20,00 (meia)

Salomé – Foto: Elenize Dezgeniski / Divulgação.

A dramaturgia é do escritor underground Fausto Fawcett e a direção é de Carolina Meinerz. Quando a Lua Gigante estiver próxima demais da Terra e os sinalizadores inundarem de fumaça os céus será o sinal de que Habemus Apocalipse! Ventos cheios de sangue varrerão o planeta e as cidades se transformarão no que sempre foram: Coliseus de luta pela sobrevivência e pelas rações de afetos. Salomé é a história de alguém que pede a cabeça de outro alguém numa bandeja de prata. Uma longa música cheia de nuances, um hino progressivo rock cheio de ataques punk metal de forró pé de serra elétrica hard core.

The Machine To Be Another
28 de março a 3 de abril na Cia Brasileira de Teatro
Gratuito

The Machine To Be Another Person – Foto: BeAnotherLab / Divulgação.

Como seria o mundo se pudéssemos enxergar pelos olhos dos outros? Seria a humanidade mais empática e tolerante? Essas perguntas norteiam o projeto “A Maquina de Ser Outro”, que convida o público a se colocar na pele do outro. Nesta instalação interativa que combina performance, realidade virtual e técnicas de ciências cognitivas, duas pessoas intercambiam
de corpos podendo mover-se e tocar o espaço em seu redor e, assim, descobrir um pouco mais sobre a perspectiva uma da outra.