Intervenção mental já!





Wilson Dias/Agência Brasil

A votação do decreto de intervenção militar no Rio Janeiro voltou a confirmar a baixa qualidade do Congresso Nacional, em especial da Câmara dos Deputados. Os políticos que discursaram não se prendiam aos aspectos técnicos da lei, mesmo após mais de 72 horas no anúncio de Michel Temer e de jornais terem listados pontos favoráveis e contrários à medida tão drástica. O placar foi uma fuzilada no debate. 340 votos favoráveis, 72 contrários

Cadê os custos

Um dos aspectos que foi trucidado durante a votação é o fato de a violência no Rio de Janeiro ter se agravado por conta do congelamento fiscal por 20 anos, aprovado no Congresso e também o ajuste fiscal feito por Pezão naquele estado. Ora, sem dinheiro, não há tanque que freie a violência. Mas quando a oposição lembrava “desse detalhe”, os defensores da bala e da bíblia lembravam que PT, PC do B apoiam Cabral. Nada falam, é claro, do seu apoio a Temer e Pezão (PMDB).

Vai pra Venezuela

Como não podia deixar de ser, os governistas raivosos, não tinham dados que justificassem a eficiência da intervenção. Não sabiam dizer quanto tempo iria durar, porque foi decretado somente agora, porque se usa a força e não a inteligência, entre outros. Preferiram o discurso de rede social. “Quem é contra, vai para Venezuela”.

Vai, Corinthians

No meio do tiroteio dos contra e favoráveis a intervenção militar, no cafezinho dos deputados, o telão exibia o jogo do Corinthians pelo campeonato Paulista. E o salão verde estava lotado.

Vai, Flamengo

Nas redes sociais, circula vídeo da banda do Exército marchando e tocando o hino do Flamengo. A piada é que os criminosos vão se render por orgulho à nação.

Licença para matar

Dois aspectos chamam atenção para a barbárie que está por vir. O primeiro deles é que as Forças Armadas não querem ser investigadas por eventuais abusos. Pedem uma licença para matar o inimigo sem que no futuro se tenha uma comissão da verdade. Aí mora o perigo. Quando se enxerga no cidadão, qualquer um que seja, um potencial agressor. Na boca do fuzil se terá todo o direito brasileiro.

Derrubem portas, cadeados, cancelas

Outro aspecto assustador é o mandato de busca coletivo. A possibilidade de casas e barracos serem invadidos indiscriminadamente revela que todo o povo mais pobre vai ser considerado bandido ou cúmplice. A presunção de inocência é aniquilada. Evidentemente, questiona o senador Lindbergh Farias, “essa medida também valerá para Leblon e Ipanema? Ou só funcionará nas favelas?”

No alvo

A Associação Juízes para a Democracia divulgou uma nota contra o decreto de Temer e foi certeira: “A intervenção ora decretada, tenha o real motivo que tiver, é uma medida autoritária, de ruptura definitiva com o cambaleante Estado Democrático de Direito e semelhante recurso longe de resolver os problemas da “segurança pública”, pois jamais enfrentadas as causas estruturais da crise, somente servirá para massacrar as populações da periferia equivocadamente reconhecidas pela classe média e pela mídia local como o inimigo”.