Dilma diz que somente eleição de Lula pode barrar o golpe

Ex-presidenta foi impedida pela Justiça Federal de visitar Lula nesta segunda-feira (23) em Curitiba





Foto: Gibran Mendes

“Eu gostaria de dar um abraço nele, demonstrar minha solidariedade e conservar com ele sobre o que ele mais gosta: o Brasil e o povo brasileiro”. A frase foi dita na tarde desta segunda-feira (23) pela ex-presidenta Dilma Rousseff (PT), na saída da superintendência da Polícia Federal, em Curitiba, onde pretendia visitar o ex-presidente Lula, detido no local desde o dia 7 de abril. Ela estava acompanhada da amiga e ex-ministra Eleonora Menicucci, da senadora Gleisi Hoffmann, dos senadores Lindberg Farias e Roberto Requião, e da deputada Maria do Rosário.

A petista foi mais uma personalidade que teve seu pedido de visita barrado pela juíza federal Carolina Lebbos, assim como aconteceu na semana passada com o Nobel da Paz Adolfo Pérez Esquivel e com o teólogo Leonardo Boff. O Partido dos Trabalhadores e a Comissão de Direitos Humanos da Câmara Federal, que também foi impedida de fazer uma diligência na sede da PF, alegam que as proibições ferem tratados internacionais e a Lei de Execução Penal brasileira. Além de Esquivel e Boff, já foram barrados a senadora Gleisi Hoffmann, presidenta nacional do PT, uma comitiva de onze governadores, além dos deputados da Comissão de Direitos Humanos.

As manobras da juíza Carolina Lebbos para Esquivel e Boff não visitarem Lula

Na saída da sede da PF, Dilma falou sobre a situação que passa seu companheiro de partido, especialmente sobre as restrições impostas pela Justiça Federal de Curitiba. “Essa situação nos estranha muito, essa condição de isolamento sem que possa receber amigos. Estou estarrecida com essa situação. Tenho experiência em estar presa, pois estive encarcerada por três anos na ditadura militar e isso não acontecia lá”, comparou Dilma, que esteve presa entre os anos de 1970 e 1972 e passou pelo horror das torturas em uma cela do presídio Tiradentes, em São Paulo.

Foto: Gibran Mendes

Destacando que o Brasil passar por um regime de exceção, Dilma Rousseff citou que na época dos “anos de chumbo” os presos políticos tinham condições de recursos. “Nunca deixamos de ter condições de recursos (não funcionava muito, mas tínhamos). Ninguém pode ser preso antes de esgotados todos os recursos. Foi por isso que lutamos, foi por isso que muitos morreram lutando”, citou a petista, acrescentando que Lula é um “prisioneiro político que não teve respeitado seu direito a recursos e condenado sem o direito constitucional da presunção de inocência”.

Citando que foi derrubada em 2016 sem que tivesse cometido qualquer crime de responsabilidade, a ex-presidenta afirmou que a prisão de Lula é o desfecho para consolidar o golpe iniciado há dois anos. “Vivemos um momento em que uma “camarilha” que se especializou em levar vantagens dos cargos que ocupa está solta e o presidente Lula está preso sem ter cometido nenhum crime. Essa é etapa do golpe, prende-lo para que não possa ser candidato. Somente ele pode interromper e barrar esse golpe, por isso ele foi preso. Prende-lo é uma forma de deixar o golpe vivo”.

Questionada sobre o processo eleitoral deste ano, Dilma Rousseff afirmou que o Partido dos Trabalhadores seguirá na luta para que Lula exerça seu direito de ser candidato. “Há uma obsessão da grande mídia pelo tal “plano B” do PT. A troco de que esse plano B? Só consideraríamos um plano B se o Lula fosse culpado de algo”, resumiu.