Com 10 mil nas ruas, funcionalismo consegue mesa de negociação permanente sobre data-base

Vice-governador recebeu FES e deputados para discutir reajustes dos servidores estaduais





Cerca de 10 mil servidores marcharam até o Palácio do Governo do Estado, no Centro Cívico. Foto: Leandro Taques

Cerca de 10 mil servidores públicos tomaram as ruas de Curitiba e do Paraná neste 29 de abril. Concentrados na Praça Santos Andrade, eles marcharam até o Palácio do Governo do Estado, no Centro Cívico. Os trabalhadores, representados pelo Fórum das Entidades Sindicais (FES) e pelos deputados da Bancada do Serviço Público, foram recebidos pelo vice-governador do Paraná, Darci Piana, e pelo líder do governo na Assembleia Legislativa do Paraná, Hussein Bakri (PSD). Conseguiram a criação de Comissão Permanente de Negociação que vai discutir o reajuste solicitado na data-base e outras demandas da categoria. A comissão é paritária, formada por cinco representantes dos trabalhadores e cinco do governo estadual, que devem ser indicados até 30 de abril.

Durante a reunião, os representantes das 25 entidades que compõem o FES e o Fórum das Associações de Sindicatos de Servidores (FAS), mais os deputados da Bancada do Serviço Público, destacaram a necessidade do governador Ratinho Júnior (PSD) pelo menos repor a inflação do período. O economista do FES, Cid Cordeiro, mostrou que a defasagem da categoria já chega a 17% nesses quatro anos e que o estado tem dinheiro em caixa para poder promover o reajuste. Também reclamaram da gestão estadual de anunciar congelamento de salários via imprensa.

Já a coordenadora do FES, Marlei Fernandes, destacou que o funcionalismo públicos tem sido desvalorizado nos últimos anos. Ela comemorou a criação da comissão que pode definir um índice de reajuste nos próximos 15 dias. “Nós queremos fechar um índice dentro dos 17% para os próximos quinze dias. Queremos que o projeto seja enviado o mais breve possível para a Alep. Agora mudou a maneira de negociação com a presença do vice-governador e de secretários. Agora temos diálogo e que possamos resolver a questão central que é a data-base”, destacou.

Já o deputado Professor Lemos (PT), líder da Bancada dos Serviço Público que é composta por 16 parlamentares, evidenciou que a comissão também deve debater a realização de concurso público e saúde do servidor. Durante a reunião, o governo estadual anunciou a contratação de 71 novos peritos e 40 médicos para todo o estado. Também discutiu com os representantes questões relativas ao ParanáPrevidência e ao Sistema de Assistência a Saúde (SAS). Para Lemos, o dia foi de avanços nas negociações.

“Nós queremos que o governo encaminhe o mais rápido possível a data-base para a Assembleia Legislativa, pois os outros poderes (Judiciário, Ministério Público, Defensoria Pública, Tribunal de Contas e Legislativo) já devem encaminhar seus pedidos nessa semana. Nós não podemos passar mais um ano sem a data-base”, reforça o deputado.

Na avaliação do presidente do Sindicato dos Engenheiros do Paraná, Carlos Bittencourt, “o governo abriu uma negociação e os servidores devem continuar mobilizados caso o governo não atenda a reivindicação dos trabalhadores, em especial a que trata da data-base”, reforçou.

Paralisação

De acordo com os organizadores, cerca de 10 mil trabalhadores pararam as atividades apenas em Curitiba. Essas pessoas percorreram as ruas da capital informando sobre a defasagem salarial. A APP Sindicato estimou que a paralisação teve adesão de 80% dos professores e funcionários de escolas em todo estado. Já o Sindarspen “orientou os agentes penitenciários que estavam de plantão a não abandonarem seus postos de serviço para realizar movimentações de presos, cumprindo as regras de segurança”. O Senge-PR, por sua vez, informou aos engenheiros que participassem da paralisação apenas em locais cujo o sindicato majoritário tivesse aderido ao movimento.

Durante a reunião de hoje, o governo assumiu o compromisso de discutir na comissão de negociação permanente a possibilidade de realizar a reposição por causa do dia parado.

Paralisação lembrará quatro anos do Massacre do Centro Cívico