Corte do abono salarial ameaça futuro de cidades paranaenses

Estado tem 10 cidades que mais de 80% dos trabalhadores pobres serão prejudicados





Foto: José Fernando Ogura/ANPr

1 milhão. Este é o saldo negativo de pessoas que serão atingidas com as mudanças na regra do abono salarial se a Reforma da Previdência for aprovada na Câmara dos Deputados sem novas alterações. Neste Fio da Meada você vai ver que cidades paranaenses podem ser atingidas em 90% de seus trabalhadores.

ONÇA EM EXTINÇÃO | O impacto dos cortes é perverso, principalmente nas pequenas cidades. O DIEESE apurou que 12 milhões de trabalhadores perdem o abono no Brasil, sendo 1 milhão no Paraná. O Departamento mapeou os 399 municípios e identificou os percentuais de perdas. O caso mais grave é de Jaguapitã. Lá, 89,46% recebem abono.

FEZ ARMINHA | Na cidade do Norte Pioneiro com pouco mais de 12 mil habitantes, dos 3.745 trabalhadores aptos a receber o abono, 3.351 vão perder o direito por estarem dentro da faixa de 1,37 a 2 salários mínimos. No município, Bolsonaro recebeu 71,45% (5.490 votos) contra 28,55% (2.194 votos) de Haddad.

MAIS VOTADOS | Em Jaguapitã, dos cinco candidatos a deputado federal eleitos, apenas Gleisi Hoffmann (PT) votou contra a reforma da previdência. Luisa Canziani (PTB), Luiz Nishimori (PR), Sargento Fahur Eleito (PSD) e Filipe Barros (PSL) votaram a favor da proposta de acaba com abono de quase 90% dos jaguapitenses. 

PARANAENSES VOTAM | Aliás, é bom destacar que 24 deputados federais do Paraná votaram a favor da mudança no abono que retira o direito a recebê-lo de 68,3% dos trabalhadores de baixa renda. No estado, Aliel Machado (PSB), Ênio Verri (PT), Gleisi Hoffmann (PT), Gustavo Fruet (PDT), Luciano Ducci (PSB) e Zeca Dirceu (PT) votaram contra o texto base. Confira a lista de votação.

Nova previdência é aprovada pela velha política

10 CIDADES | A “punição” é alta. Além de Jaguapitã, acima de 80% de perdas têm Sabáudia (86,8%), Matelândia (85,3%), Araruna (83,4%), Mirador (83,3%), Cidade Gaúcha (83,1%), Rolândia (82,4%), Santo Inácio (82,2%), Medianeira (81,8%), e Sarandi (80,5%).

GRANDES CIDADES | Segundo o DIEESE, em 88 municípios, pelo menos 70% dos trabalhadores que têm direito ao abono serão prejudicados. Almirante Tamandaré, na RMC, verá 74,43% com renda de até 2 salários mínimos ficarem dentro da faixa de corte. Ponta Grossa (71,46), Londrina (68,07%), Foz do Iguaçu (77,89%), Maringá (76,89%), Francisco Beltrão (68,94%) e Cascavel (72,79%) também estão entre as principais cidades do estado que sofrem com o impacto da medida.

NINGUÉM ESCAPA | Ainda de acordo com o DIEESE, 131 cidades ficam na faixa entre 60% a 70% que verão seus trabalhadores pobres perderem abono. Outras 109 cidades ficam na faixa de 50% a 60% e 71 municípios são atingidos em até 50%. 

A LÍDER | Curitiba vai ver 212 mil trabalhadores (67,73%) ficarem sem o abono, liderando negativamente o índice na quantidade de pessoas. Atrás ficam Maringá (59,4 mil), Londrina (57,3 mil), Cascavel (39,6 mil).

IMPACTO TOTAL | O corte, portanto, representa 35,6% do mercado de trabalho formal e 68,3% dos atuais beneficiários do programa. Em 328 dos municípios paranaenses (82,2% do total), mais da metade dos trabalhadores perderá o direito ao benefício.

O ABONO SALARIAL começou a ser pago hoje (25). Os valores ainda são sem as mudanças previstas na Reforma da Previdência. A diferença pode passar a valer em 2020. Todos os anos o governo, através PIS/PASEP, distribui partes do fundo a trabalhadores em forma de Abono Salarial, que se inicia em julho e finaliza em junho do ano posterior. O valor varia para cada trabalhador. O teto é um salário mínimo.

Os números por cidade podem ser vistos clicando aqui: Os impactos da PEC 06/2019 no Abono Salarial no Paraná