CENSURA: Ratinho Junior bloqueia usuários no Instagram que questionam fake news sobre funcionalismo

Conta do governador postou que servidores “não seriam” obrigados a pagar sindicatos





Foto: Arnaldo Alves / AEN.

A conta do governador Ratinho Junior (PSD) no Instagram está bloqueando usuários que questionaram uma postagem sua. No texto postado, é dito que “No Paraná, servidor público não é mais obrigado a pagar sindicato”. Já no stories, a publicação do governador se sustenta em reportagem da Gazeta do Povo com o título “Prazo para recadastramento de servidores para descontos em folha termina nesta terça”. Ao ser questionado da fake news, a conta do governador passou a bloquear usuários.

Entre os bloqueados estão dirigentes sindicais e jornalistas. Inclusive este que escreve a nota. O questionamento ao governador é de que nenhum servidor é obrigado a pagar sindicato, uma vez que a associação a uma entidade é de livre escolha da pessoa. 

Conta do governador censurou quem questionou a informação

O dirigente sindical Leandro Grassmann, vice-presidente do Senge-PR, também foi bloqueado por Ratinho Junior após desmentir a fake news publicada nas redes de Ratinho Junior. “Que feio, Governador! Primeiro: Divulga uma versão “oficial” tendenciosa, com muita informação propositalmente omitida. Segundo: Bloqueia a todos que respondem a postagem contestando e/ou discordando”, crítica Grassmann, que prossegue:

“Assim como diversos veículos estão explicando, diferente da postagem, a Constituição Federal e a Consolidação das Leis do Trabalho já garantem a qualquer trabalhador ou servidor a livre associação a Sindicatos. Então, nunca houve obrigação de filiação. Omite que os servidores que já eram filiados e já haviam assinado uma autorização para que houvesse débito em Folha de Pagamento das mensalidades do Sindicatos foram obrigados a realizar um recadastramento. Processo lento, complicado e sujeito a interferências do Governo (Os campos já vêm preenchidos, obviamente com a opção “NÃO” marcada)”.

A APP Sindicato também criticou a postura do governador. “A APP-Sindicato vem a público repudiar mais essa prática de improbidade administrativa e antissindical do governo do Paraná e reafirmar que os trabalhadores em educação são sindicalizados por livre e espontânea vontade, prova disso é que a categoria da educação é formada por aproximadamente de 100 mil servidores e APP-Sindicato conta com 70 mil sindicalizados”, diz a nota da entidade que conclui: “Basta de ataques e mentiras”!

:. Clique e confira a nota da entidade

Recadastramento
O assunto foi tema de reportagem deste jornalista, que cobriu as mesas de negociação entre governo, sindicatos e Ministério Público do Trabalho. A última reportagem foi Ratinho interrompe negociação e recadastramento de servidores termina nesta terça (10). Clique e leia.

Censura e perfil público

O bloqueio de usuários que questionam políticos não é uma inovação do governador Ratinho Junior, que alega fazer um governo transparente. A tática tem sido usada com frequência pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL) e por seu ministros quando são questionados por suas ações públicas.

Diversas ações tramitam no STF contra o bloqueio de usuários feitos por políticos e contas públicas. Em uma ação popular contra o presidente Jair Bolsonaro, o advogados Thiago Gomes Viana e Paulo Iotti afirmam que “O uso das redes sociais pelo Réu é marcadamente para veiculação de informações de nítido interesse público, não se podendo justificar o bloqueio de usuários, seja qual for o motivo, cerceando-lhes o direito fundamental de acesso à informação”, afirma na petição

Em uma outra ação de um jornalista contra o presidente, é alegado que a atitude de bloquear écensura a liberdade de expressão, ao impedir a interação do jornalista com o presidente; impede o acesso a informações, já que o presidente anuncia atos do seu governo pelas redes sociais; e restringe a atividade profissional do jornalista”. 

Nos EUA, a justiça proibiu o presidente Donald Trump de bloquear usuários do Twitter. Por lá, o bloqueio fere a primeira emenda. Por aqui, a PGR entendeu que Bolsonaro – e políticos – podem praticar a censura aos questionamentos.