Cimi adota medidas para prevenir coronavírus nas comunidades indígenas

Em nota, entidade também cobra medidas eficazes do governo para conter proliferação em grupos sociais mais vulneráveis





Foto: Paulo Porto

Diante da pandemia do coronavírus no Brasil, o Conselho Missionário Indigenista (Cimi) tomou algumas medidas em relação a seus missionários e missionárias que atuam junto às comunidades e emitiu um posicionamento acerca da falta de um planejamento do governo Bolsonaro para conter a proliferação do vírus nos grupos sociais mais vulneráveis, entre eles as comunidades tradicionais.

A entidade recomendou que todos seus missionários evitem visitas a aldeias neste período. Todas as reuniões e encontros que estavam agendados foram cancelados para que os povos indígenas não estejam expostos a contaminações. Esses cuidados, segundo o Cimi, buscam contribuir para a preservação da saúde nas comunidades, levando em consideração a vulnerabilidade, sobretudo, das populações indígenas recém contatadas e sem contato.
“Infelizmente, chegamos a essa situação devido à política de negação de muitos líderes mundiais quanto à rapidez do contágio, proliferação e letalidade do vírus, em especial para a parte da população mais vulnerável. Esses líderes reduziram a política social dos Estados, combatem o avanço científico e desdenham da proteção ao meio ambiente”, diz a nota do Cimi.

O documento cita que no Brasil a situação é agravada pelas atitudes negacionistas do presidente Jair Bolsonaro “que tem optado por semear a confusão e a desinformação, contrariando orientações e constrangendo até mesmo integrantes de seu próprio governo”.
As recomendações do Cimi se somam aos esforços de outras organizações indigenistas e da própria Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), que decidiu adiar a realização do Acampamento Terra Livre (ATL), anteriormente previsto para o mês de abril.

Caso suspeito

Na última quarta-feira (18) foi divulgado o primeiro caso de suspeita de coronavírus em uma comunidade indígena na Bahia. Uma indígena Pataxó está isolada na aldeia Coroa Vermelha, no sul do Estado com sintomas da doença. Ela procurou uma unidade de saúde após ter febre, tosse seca e cansaço. O resultado de seu exame é esperado para sábado (21). A indígena teve contato com turistas estrangeiros, pois trabalha como camareira em um hotel da região.

As etnias temem impacto da pandemia em comunidades indígenas após cortes orçamentários feitos pelo governo no atendimento médico às aldeias.