Reintegração de posse ameaça despejar mais de 300 famílias no Paraná

Em Londrina, famílias são convocadas pela Polícia Militar para discutir sobre a situação da área




FonteJaine Amorim - Comunicação MST

Produção no acampamento Quilombo dos Palmares, em Londrina (PR). Fotos: Coletivo de comunicação/PR

O acampamento Quilombo dos Palmares, localizado no município de Londrina (PR), está com um mandado de reintegração de posse e despejar  mais de 300 famílias. A ordem foi despachada em Outubro de 2018 e a Polícia Militar entrou em contato esta semana para dialogar a situação esta semana.

Os 200 hectares de terra da fazenda Marília estão bloqueados na Justiça Federal por fazer parte de escândalos de corrupção.  estão registradas em nome de Stel Fernanda, esposa do proprietário e já falecido ex-deputado federal José Janene.

Pivô do caso, Janene recebia uma mesada de 30 mil mês e, junto a outros acordos o líder do Partido Progressista (PP), adquiriu em 2003 a área  avaliada em 1,6 milhões de reais. Esta foi apenas uma entre dez fazendas compradas por por Janene entre os anos de 2003 e 2004 no Norte do Estado do Paraná.

No dia 28 de novembro de 2015, cerca de 320 famílias organizadas pelo Movimentos dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) ocuparam estas terras e decidiram destiná-las à reforma agrária. A partir disto, a terra fruto da corrupção foi se transformando na terra da diversidade.

Localizado no distrito Lerroville, em Londrina, o acampamento foi batizado de Quilombo dos Palmares, para trazer em seu nome a cultura e a luta dos negros pela liberdade. Hoje é um espaço de culturas, etnias, produções, debates e conhecimento.

Na área se produz uma grande produção de alimentos para o auto sustentação, além de gerar renda através da comercialização dos excedentes em feiras e mercados do município.

As famílias cultivam com as suas próprias sementes, preservadas e multiplicadas a cada ano, e cultivam arroz, feijão, mandioca, batata, milho, alho, hortaliças, dentre outras culturas. Também são criados porcos, galinhas, bovinos, equinos e etc, além de plantas medicinais e fábrica de xaropes, tinturas e outras formas terapêuticas.

Para estudar, crianças, jovens, adultos e idosos se deslocam cerca de 3 quilômetros para o Assentamento Eli Vive, onde todos do acampamento tem acesso à educação. Aqueles que até então não tinham tido direito à educação passaram a ter através do Ensino para Jovens e Adultos (EJA). Segundo o MST, é importante lembrar destas conquistas par a manutenção dos direitos e a luta pela terra no local, que hoje está tão ameaçada.