Falta de professores coloca em risco ano letivo de universidades paranaenses

UEL, Unicentro e Unespar já anunciaram suspensão de calendários. Unioeste deve debater o tema ao longo da semana





Foto: Jaelson Lucas/ANPr

O ano letivo das universidades estaduais do Paraná está novamente ameaçado. Três das sete Instituições Estaduais de Ensino Superior (IEES) já anunciaram suspensão de seus calendários acadêmicos por motivo da falta de professores: Universidade Estadual de Londrina (UEL), Universidade Estadual do Paraná (Unespar) e a Universidade Estadual do Centro Oeste (Unicentro).

Na sexta-feira (16), o Governo do Paraná publicou o Decreto 9.026, assinado pelo governador Beto Richa (PSDB) no qual autoriza a contratação de docentes em regime de contratação temporária para situações de emergência (CRES), entretanto as contratações não resolvem o problema do déficit de professores, uma vez que autoriza carga horária bem inferior as necessidades solicitadas pelas reitorias. O decreto estabelece um total de 36.729 horas a serem divididas entre as sete IEES.

A suspensão do calendário na Universidade Estadual de Londrina foi confirmada neste sábado (17) pela Agência UEL de Notícias. De acordo as informações, o Governo do Estado não autorizou a carga necessária para a contratação dos docentes. Uma reunião extraordinária do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (CEPE) foi convocada para segunda-feira (19) para discutir a situação.

A UEL tem um déficit em seu quadro de 255 docentes, dos quais 87 aguardam imediata nomeação e 168 vagas aguardam autorização para concurso, desde agosto de 2014. Segundo a nota, a carga horária autorizada pelo governador Beto Richa não irá suprir as demandas da universidade e poderá acarretar na falta de docentes em sala desde o início do primeiro semestre.

A Unespar, por sua vez, divulgou nota neste domingo (18) no site da instituição, na qual o reitor Antônio Carlos Aleixo informa a suspensão do calendário a partir de 26 de março. O assunto estará em pauta para votação em reunião do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão na quinta-feira (22).

No texto, a reitoria da Unespar justifica que a proposta o Governo do Estado do Paraná ainda não autorizou a liberação de 8.560 horas para a contratação de professores temporários, mesmo com o início das aulas em quatro dos sete campi que compõem a universidade. O decreto determina para a Unespar um total de 4.389 horas, ou seja, apenas 51% da carga horária mínima que a universidade necessita para o ano letivo de 2018.

Segundo o reitor, a carência por essa carga horária temporária é motivada pela progressiva redução nos últimos anos, mediante aposentadoria, do quadro de docentes efetivos e de agentes universitários da instituição, sem que a reposição dos cargos tenha sido autorizada pelo governo estadual. Desta forma, a não liberação das 8.560 horas para contratação de docentes temporários coloca a universidade em uma situação ainda mais crítica que compromete e inviabiliza o seu pleno funcionamento.

Na Unicentro, de sede em Guarapuava, o reitor Aldo Nelson Boca fez um comunicado em vídeo anunciando a suspensão do calendário a partir desta segunda-feira (19). A universidade necessita de cerca de 10 mil horas para atividades dos professores temporários, porém ainda faltam ser contratadas 3.260 horas, contabilizando 104 docentes que aguardam a autorização do Governo do Paraná.

Unioeste – O decreto do governador Beto Richa poderá acarretar o debate sobre a suspensão de calendários nas universidades que já iniciaram suas atividades em 2018. É o caso da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), que iniciou o calendário no dia 12 de março. A demanda da instituição para contratação de docentes temporários é de aproximadamente 9 mil horas, sem contar demandas novas que surgirão ao longo do ano, porém o decreto autoriza a contratação de apenas 4.941 horas.

O Sindicato dos Docentes da Unioeste (Adunioeste) convocará uma assembleia para discutir a situação e aponta a necessidade do conselhos superiores da Unioeste tratar o assunto em reunião extraordinária. “Infelizmente velhos problemas permanecem. Há turmas de graduação sem aulas por falta de professores. A partir de abril esse problema deve se agravar, pois tem muitos professores temporários encerrando suas atividades em virtude do término de contrato”, aponta Luiz Fernando Reis, presidente do Sindicato dos Docentes da Unioeste (Adunioeste).