Por que Bolsonaro não comemorou a PNAD?

Dados mostram estagnação na geração de empregos e recorde de trabalhadores sem carteira assinada





Foto: Isac Nóbrega/PR

Ontem (28) o presidente Jair Bolsonaro não usou suas redes sociais para falar sobre a PNAD e a geração de empregos no seu governo. Sabe por quê? É que não tem nenhuma notícia boa para dar. Os dados do Caged revelam estagnação dos números. Ou seja, o Brasil não gerou empregos, não reduziu a taxa de desocupados, de trabalhadores subutilizados e de pessoas desalentadas.

O número de desempregados no trimestre agosto/setembro/outubro de 2019 ficou em 12,4 milhões de pessoas. Anote: são 11,6% neste ano contra 11,7% em 2018, no governo de Michel Temer (MDB). O menor índice para o trimestre foi em 2014, na gestão Dilma Rousseff (PT), quando o desemprego ficou em 6,6%. De acordo com o IBGE, o desemprego no governo Bolsonaro “ficou estatisticamente estável tanto em relação ao trimestre de maio a julho de 2019”.

O governo poderia comemorar a geração de empregos em relação ao ano passado. Comparado a 2018, foram gerados 1,4 milhões de postos no acumulado do ano. No entanto, é um ritmo lento diante das 27,1 milhões de pessoas que estão subutilizadas (23,8%) e dos 4,6 milhões de desalentados. Ou seja, aqueles que desistiram de procurar emprego.

Outro dado que a agenda liberal de Temer e Bolsonaro prefere “esconder”: o crescimento dos subutilizados no trimestre que termina em outubro. Se com Dilma, o índice ficou na casa dos 15%, desde que Temer assumiu, saltou para acima dos 21%. Índice que só piorou após a reforma trabalhista, no fim de 2017.

Sem direitos trabalhistas

E lembra do discurso de que é melhor ter emprego do que ter direitos? Pois bem, a tese está sendo em prática. “A categoria dos empregados sem carteira de trabalho assinada no setor privado (11,9 milhões de pessoas) foi novo recorde na série histórica. (Já) a categoria dos trabalhadores por conta própria chegou a 24,4 milhões de pessoas, novo recorde na série histórica”, revela a PNAD.