Defesa de Lula acusa PF de dar jeitinho para acabar com entrevista exclusiva

Ministro Ricardo Lewandowski nega possibilidade de existir plateia





Foto: Leandro Taques

A Superintendência do Paraná da Polícia Federal tomou uma decisão nessa quinta-feira que desrespeita o Supremo Tribunal Federal, que deu ao ex-presidente Lula o direito de conceder entrevistas.

A decisão também desrespeita o trabalho dos jornalistas e dos veículos de comunicação que há oito meses obtiveram autorização para entrevista na época das eleições, ou seja, o El País e a Folha de S. Paulo, entrevistas que ficaram suspensas por oito meses devido a uma decisão liminar cassada na semana passada.

A Superitendência da Polícia Federal no Paraná determinou a constituição de uma plateia para jornalistas convidados por ela própria para assistir a entrevista sem direito de fazer perguntas. A decisão viola primeiro a decisão do Supremo, já que as entrevistas devem acontecer com anuência do ex-presidente, e também os jornalistas, a prática e a ética jornalística ao permitir que profissionais de outros veículos assistam entrevistas exclusivas para outras publicações e publiquem antes uma entrevista pela qual os outros veículos lutaram na justiça por meses.

O ex-presidente Lula encontra-se a disposição para dar entrevista para a Folha de S. Paulo e para o El País, conforme decisão obtida por eles junto ao Supremo Tribunal Federal.

Entrevista é exclusiva

O ministro do STF, Ricardo Lewandovski, garantiu a entrevista exclusiva sem a presença de plateia. Ele destacou que a decisão da corte se restringe exclusivamente aos profissionais que fizeram o pedido, vedando a participação de quaisquer pessoas, salvo a equipe técnica.

“A liberdade de imprensa, apesar de ampla, deve ser conjugado com o direito fundamental de expressão, que tem caráter personalíssimo, cujo exercício se dá apenas nas condições e na extensão desejadas por seu detentor, no caso, do ex-Presidente José Inácio Lula da Silva, ao qual não se pode impor a presença de outros jornalistas ou de terceiros, na
entrevista que o Supremo franqueou aos jornalistas Florestan Fernandes e
Mônica Bergamo”, destacou.