Filme sobre agroecologia e MST será exibido na Cúpula Climática da ONU

Vídeo apresenta a produção agroecológica do assentamento Contestado, localizado na Lapa, a 60 quilômetros de Curitiba




FonteAscom MST

Foto: Leandro Taques

A produção agroecológica do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) terá espaço na Cúpula Climática da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York, Estados Unidos, nesta segunda-feira (23). Isso porque o curta-metragem “O que é agroecologia” venceu o Concurso Global de Vídeos da Juventude sobre Mudanças Climáticas – TVEBioMovies 2019, promovido pela ONU.

A exibição não tem horário confirmado para acontecer, e acontece um dia antes da Assembleia Geral, que começa amanhã (24) de forma oficial. A Cúpula está sendo transmitida ao vivo pelo canal da ONU no youtube.

O filme foi produzido pelos jovens Rafael Forsetto e Kiane Assis, e ganhou a categoria “alimentação e saúde humana”. Em três minutos, o vídeo apresenta a produção agroecológica dos agricultores do MST do assentamento Contestado, localizado na Lapa (PR), a 60 quilômetros de Curitiba.

O vídeo será apresentado no dia 23 de setembro na sede das Nações Unidas, em Nova York, e também na Conferência de Mudanças Climáticas da ONU (COP 25) em dezembro, no Chile.

O assentamento Contestado é reconhecido como referência em agroecologia. Em 2010, as famílias assentadas criaram a Cooperativa Terra Livre, que atua exclusivamente com alimentos sem agrotóxicos. Toda semana são entregues 8 toneladas de verduras, frutas, legumes e temperos agroecológicos em 105 escolas municipais da região, via Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE). Em 2018 foram comercializadas 270 toneladas de alimentos orgânicos e agroecológicos.

Para Rafael Forsetto, o vídeo ganha maior relevância diante do contexto brasileiro atual, por apresentar a agroecologia e alternativas à agricultura dependente dos agrotóxicos. “O filme mostra que o MST, movimento tão demonizado pelo atual governo, está na vanguarda desse movimento que visa produzir alimentos saudáveis e proteger o meio ambiente. Sendo reproduzido numa escala tão grande, o filme pode combater a imagem negativa que alguns pintam sobre o MST, através do belo trabalho que seus pequenos agricultores vem fazendo em prol da biodiversidade”.

Entre as imagens mostradas pelo filme está a produção agroecológica do casal Antônia e Antônio Capitani, moradores do assentamento e integrante do MST. “Nunca imaginamos que o nosso trabalho pudesse ser apresentado na ONU e para o mundo. É uma vitória para a nossa família, mas principalmente para a família do MST, aqui do Contestado e para todas as famílias que desenvolvem a agroecologia”, comemora Antônio.

O agricultor conta que os resultados conquistados pelo assentamento são fruto de 20 anos de debate e construção coletiva, desde quando as famílias ainda estavam acampadas. “O que o Movimento quer e o que nós queremos é ter o acesso à terra para plantar, cuidar da natureza e de todos os seres vivos. Isso é a prova de que há outro caminho e não esse de se matar através do veneno”, garante Antônio Capitani, que faz parte da coordenação na Cooperativa do assentamento.

Rafael Forsetto relata como foi a experiência de conhecer de perto a organização da comunidade integrante do MST: “A experiência que tivemos no assentamento foi inesquecível. Quando marcamos de ir visitar, tínhamos uma ideia completamente diferente do que era o MST e o que eles defendiam. Após passar um dia no Assentamento do Contestado e ver o trabalho de seus moradores, mudamos completamente de opinião.”

E continua: “Além de terem sido recebidos com tanta gentileza e alegria pelos residentes do Contestado, vimos que o trabalho que é realizado no assentamento beneficia tanto o meio ambiente, como também as pessoas. Os membros do movimento agem de maneira exemplar em tudo que vi no assentamento, desde a merenda escolar orgânica que é produzida para escolas públicas, até a própria educação de qualidade oferecida no assentamento”.

A multiplicação das práticas agroecológicas se mantém com a formação oferecida pela Escola Latino Americana de Agroecologia, quem tem sede no próprio assentamento. A instituição foi criada em 2005, em articulação com a Via Campesina, e oferece cursos em parceria com o Instituto Federal do Paraná (IFPR).