A empresa de energia do Paraná Copel foi denunciada ao Tribunal de Contas do Estado e ao Ministério Público do Trabalho do Paraná. As acusações possuem 181 e 195 páginas e foram encaminhadas no último dia 25 de março. Nelas, é pedida investigação para desvios funcionais cometidos no exercício do cargo pelo diretor de Operações e Manutenção da Copel Geração e Transmissão, Thadeu Carneiro da Silva. Segundo os documentos, mesmo após o alerta de possíveis irregularidades, a Copel nada fez para afastar o funcionário do alto escalão.
Na denúncia feita à procuradora-Chefe, Dra. Margaret Matos de Carvalho, da Procuradoria Regional do Trabalho da 9ª Região, Ministério Público do Trabalho, é solicitado a abertura de inquérito civil por conta de declarações depreciativas contra funcionários, por comportamento temerário durante a pandemia e por conflito de interesses com possíveis prejuízos aos interesses econômicos da Copel.
À procuradora é informado que o “sr. Thadeu Carneiro da Silva, na rede social LinkedIn, em que se referiu aos trabalhadores da COPEL como sendo “porco de granja” e que a empresa, ao saber do fato, se limitou a responder que “reafirma seu compromisso de respeito para com todos os seus empregados”. Posteriormente, em novo ofício, foi questionado o comportamento do diretor que participou de evento no fim do ano com aglomeração social e desrespeito aos protocolos de saúde. Só que a Copel sequer respondeu a indagação.
Para a denúncia, “com relação ao que se mostra relevante conforme os fatos narrados, os seguintes pontos do Código de Conduta de forma a demonstrar a gravidade da conduta do citado Diretor, e como a ausência de medidas por parte da Copel impacta severamente a moral dos trabalhadores representados por este Coletivo de Entidades, e também a imagem da empresa perante terceiros”. O processo já foi despachado e está sob análise do MPT desde o dia 30 de março.
Já a denúncia feita ao Tribunal de Contas do Estado, além dos fatos mencionados ao MPT, é feito pedido de abertura de tomada de contas extraordinária. O argumento utilizado é de falta de transparência na gestão. “A supremacia do interesse público sobre o interesse particular, e a indisponibilidade do interesse público. No caso, há uma cisão visível e inconfundível entre interesse público e interesse particular. Há vedação expressa no sentido de que seja vedado aos administradores e ocupantes de cargo de gestão a posição de conflito de interesses particulares com os interesses da empresa”, alerta a queixa que já está sob análise do Tribunal.
A Copel terá que explicar porque não vê conflito de interesses o fato do mencionado diretor ser sócio de uma empresa que tem negócios com a Copel. “Thadeu Carneiro da Silva é proprietário da empresa TS Energy Service, que atua com prestação de serviços no setor de geração de energia desde sua fundação em julho de 2016. A empresa TS Energy Service presta serviços para várias empresas que atuam como fornecedoras da COPEL, incluindo, entre outras, NC Energias Renováveis, Vestas e Siemens Gamesa. A gestão dos contratos com estes fornecedores da Copel é de responsabilidade da diretoria que o Sr. Thadeu ocupa, criando a situação em que ele serve ao mesmo tempo como contratante e contratado”, diz a denúncia feita ao TCE.
O pedido de investigação é realizado por entidades sindicais que têm interpelado a direção da Copel desde o começo do ano, conforme as denúncias apresentadas. Os sindicatos ainda cogitam apresentar as denúncias em outras instâncias como Comissão de Valores Mobiliários e a Bolsa de Valores de Nova York, tendo em vista que a Copel deve cumprir preceitos de compliance.
