Greve geral protesta contra Bolsonaro e ministro Sérgio Moro

Em Curitiba, sede do Ministério Público Federal é lavada contra a corrupção





Protesto em Curitiba contra a reforma da previdência. Foto: Manoel Ramires

As ruas de Curitiba foram tomadas por grevistas contra a reforma da previdência. Além dos atos unificados que ocorreram pela manhã no Palácio do Iguaçu, a tarde, os manifestantes marcharam da Praça Santos Andrade até a Boca Maldita. Os protestos fecharam as saídas de ônibus pela manhã, rodovias, a Repar e bancos. Cerca de 80% das escolas foram fechadas, segundo o sindicato dos professores.

A greve geral em Curitiba foi pacífica, exceto por um episódio ocorrido em uma rodovia, quando manifestantes foram agredidos pela Guarda Municipal de Curitiba. Um grevista levou um tiro de borracha no rosto. Em nota, o MST, que organizou o movimento, repudiou a truculência.

“A repressão atenta contra a democracia e o direito de greve. A Rodovia Federal BR 426, está sob jurisdição da Polícia Rodoviária Federal, no entanto os tiros foram disparados pela Guarda Municipal de Araucária, agravando a situação, uma vez que não compete a uma guarda municipal atuar em área federal”, explica a nota.  

Outra manifestação que chamou atenção aconteceu na Justiça Federal do Paraná, onde o ex-juiz Sérgio Moro atuava. Militantes do MST, de sindicatos e partidos fizeram uma limpeza simbólica no Ministério Público Federal, no Centro Curitiba. Recentes reportagens do site The Intercept revelaram conversas entre o procurador Deltan Dallagnol e o atual ministro da justiça Sérgio Moro.

Sede do MPF é lavado, em Curitiba. Foto: Jean Beloto

Além de Curitiba,  o protesto ocorreu por todo estado do Paraná. Em Londrina, ainda de madrugada, manifestantes se reuniram em frente à garagem dos ônibus do transporte urbano de Londrina para chamar a atenção sobre a reforma da previdência e impedir a circulação dos veículos.

Mais tarde, a partir das 9h, o ato se concentrou na região central da cidade, em frente ao terminal urbano, seguindo em passeata pelo calçadão e ruas ao redor, com faixas e cartazes contra a reforma da presidência do governo.

Segundo levantamento da APP-Sindicato, mais de 80% das mais de 2200 escolas estaduais e parte das redes municipais participam parcial ou totalmente da greve geral. Cerca de 60% dos educadores cruzaram os braços hoje. Já os Bancários de Curitiba fecharam 40 agências no centro da cidade e 7 centros administrativos. Os ônibus da capital não aderiram à greve geral.

Foto: Leandro Taques

Protestos

A manifestação se concentrou contra o presidente Jair Bolsonaro (PSL). Gritando “trabalhador, preste atenção, o Bolsonaro tá do lado do patrão”, os grevistas denunciaram os pontos nocivos da reforma como o aumento do tempo de contribuição, a perseguição às mulheres, o BPC, a questão rural e o regime de capitalização.

Ontem foi apresentado um relatório com uma proposta mais “light” da reforma. Entre as mudanças está o fim da capitalização e aumento da contribuição dos bancos.  O BPC e os aposentadoria rural também ficaram de foro com os substitutivo.

De acordo com a Câmara dos Deputados, o relator Samuel Moreira acatou como regra geral para as futuras aposentadorias a idade mínima de 65 anos para os homens e 62 anos para as mulheres, até que lei específica trate do tema. O tempo de contribuição no futuro será de 35 anos e 30 anos, respectivamente. Para os atuais segurados, haverá regras de transição, que combinam idade mínima e tempo de contribuição. Agora, o projeto começa a ser discutido na semana que vem.