Lula visita Quedas e defende reforma agrária

Ex-presidente classifica como "bárbarie" os episódios de violência ao longo da Caravana pelo Sul do País.





Foto: Leandro Taques

Por Júlio Carignano com fotos de Leandro Taques

Na sequência do roteiro da Caravana pelo Paraná, o ex-presidente Lula participou nesta terça-feira (27) de uma manifestação em defesa da reforma agrária em Quedas do Iguaçu, região central do Estado. Na mesma praça onde há dois anos eram homenageados os sem terra Leonir Orback e Vilmar Bordin, assassinados a mando de milícias pagas pelo agronegócio, Lula discursou para uma multidão de camponeses e camponesas, que ouviu do ex-presidente a promessa de celeridade ao processo de reforma agrária e resolução do impasse com a empresa Araupel. “Vou voltar a presidir esse país e vamos resolver essa pendenga com a Araupel. Isso já era para estar resolvido”, disse o petista.

A importância do pequeno produtor rural e da agricultura familiar, setor responsável pela produção de 70% da comida dos brasileiros, foi destacada pelo ex-presidente. “Não é o grande produtor de soja que cria galinha caipira para comer. Ele tem que comprar de vocês. Não é ele que produz o ovo, tem que comprar de vocês. Esse mesmo ovo que hoje desperdiçam para jogar em ônibus”, falou Lula, acrescentando que o pequeno produtor hoje está refém das grandes cooperativas pela atual política do governo Temer. “Nosso governo criou a política do preço mínimo para garantir a motivação ao pequeno produtor”.

Foto: Leandro Taques

Lula se comprometeu a reativar os ministérios do Desenvolvimento Agrário e da Pesca, caso eleito, além de regularizar a situação das terras indígenas e quilombolas. “Fomos responsáveis pela melhor política de financiamento ao pequeno produtor, pelo PAA (Programa de Aquisição de Alimentos), o Luz para Todos, Programa de Habitação Rural, Minha Casa Minha Vida, aumento significativo do financiamento do Pronaf”, listou.

Ao falar do processo que foi condenado, Lula voltou a exclamar que já provou sua inocência e que agora cabeça ao Judiciário provar sua culpa. “Neste momento luto pela minha honra. Não respeito essa decisão, pois aceitar de forma calada essa condenação seria um ato de covardia”. Ele acrescentou que “não está acima da lei, mas quer que julguem o mérito de seu processo”.

Hostilidades

Foto: Leandro Taques

Os episódios de hostilidade e violência ao longo da Caravana pelo Sul do País foram novamente repudiados por Lula, que os classificou como “selvageria” e “barbárie”. “Nunca vi tamanha selvageria de um grupo de pessoas que nos esperam a cada trevo com paus, pedras e rojões. Que atiram pedras e ovos em ônibus, que tentam nos impedir de entrar em cidades, que trancam estradas com caminhões e tratores”. Lula disse ser favorável à manifestações, mas que violência não pode ser tolerada. “É essa gente que fala em paz, que anda embrulhada em bandeiras do Brasil. É essa gente que não respeita à vontade do povo brasileiro. É essa gente que diz que está fazendo democracia”.

Lula afirmou que sua caravana está sendo a “primavera da esperança que é possível recuperar o país após o golpe”. Ao fim do ato, fez um agradecimento especial aos integrantes do MST, pela coragem e por não desistirem da luta. “Somente a luta pode garantir a certeza que o amanhã será melhor que o hoje”, concluiu o ex-presidente.