Despejo de 300 famílias pode ter favorecido dono ligado ao Grupo Atalla

Ordem foi executada no dia 17 com mais de mil pessoas sem destino definido para onde ir





Foto: Pedro Carrano

311 famílias foram despejadas de um terreno na Cidade Industrial de Curitiba (CIC) após uma ordem de reintegração de posse executada pela Polícia Militar e que ocorreu em meio a pandemia de Covid-19, promovendo aglomeração, o que contrasta com recomendação do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

Para a Defensoria Pública do Paraná, a ordem beneficiou o proprietário do terreno que tem ligações com o Grupo Atalla. “É questionável que o autor, um grande empresário, proprietário de terras em diversas Comarcas paranaenses, resida na modesta casa de madeira que se verifica da fotografia acostada em mov. 1.6, fls. 02.

Para Olenka Lins e Silva Martins Rocha, defensora Pública Coordenadora NUFURB, em agravo ao despejo, ela ressalta a incoerência da decisão. “Em que pese os autores afirmarem residirem do imóvel em questão, é inverossímil que autor resida em Comarca diversa da qual trabalha, da qual tem-se uma distância de mais de 400 quilômetros, resultando em mais de 06 horas de viagem”.

O Grupo Atalla

O Grupo Atalla foi um dos financiadores da Operação Bandeirantes (OBAN) em São Paulo. A OBAN foi o maior esquema de caça aos militantes de esquerda, tortura, assassinato e desaparecimento durante a ditadura civil-militar e era comandado pelo Exército. Não por acaso, nos anos 70, os governos militares concederam empréstimo de cerca de 300 milhões de dólares para o Grupo Atalla, com prazo a perder de vista e que nunca foram devolvidos aos cofres públicos.