Foto: Geraldo Magela/Agência Senado

O PMDB vem se convertendo rapidamente no partido mais odiado do Brasil. Motivos não faltam. O antigo MDB de guerra, sigla contra a ditadura e que protagonizou o movimento pela democratização, já é caracterizado como o partido que, ao lado do PSDB, deu o golpe. Mais do que isso. À imagem negativa de um partido corrupto – como outro qualquer -, que tem em suas fileiras mantidas Eduardo Cunha, Romero Juca, Renan Calheiros, Eunicio de Oliveira e Moreira Franco, se soma a de uma organização que atua para retirar direitos da classe trabalhadora. Uma tríade que vai retalhar muito voto em 2018.

Requião resiste como muitos petistas resistiram a sair do partido no auge do mensalão ou da Lava Jato. A permanência se justifica com o argumento de que é necessário “limpar o partido por dentro”. É um argumento legítimo, embora careça de força na medida em que Michel Temer toma cada vez mais de assalto a sigla. O PMDB, ao contrário do PT, não se sustenta em seus militantes e programa, embora tenha milhares de filiados. No PMDB, a militância gravita em torno do caciquismo.

Esse é um dos dilemas de Requião: como deixar o PMDB sem ser acusado de traição ou de ter abandonado o barco? O senador, mais do que qualquer um, sabe que está dando murros em ponta de faca. E sabe também que mudar de partido vai muito além do próprio capital político. Envolve entrar em uma nova estrutura com suas virtudes e defeitos.

O ex-governador, por outro lado, sabe que os votos petistas e progressistas podem não ser dele se continuar no PMDB. “Voto em você, apesar do seu partido” será cada vez mais raro. Marina, por exemplo, que flertou com a direita e apoiou Aécio e o impeachment, perdeu uma massa considerável de eleitores que não suportam traíras.

Já Requião, vendo as portas de seu partido se fechando e uma saída de peito aberto vislumbrando no horizonte, talvez não tenha uma escolha difícil. As próprias redes sociais do senador dão essa indicação a ele. Seus eleitores, no Twitter, clamam por novos ares para um velho político que ainda tem fôlego para se rejuvenescer na vida pública.