Comunidade sem-teto é despejada de ocupação urbana em Campo Largo

Ocupantes afirmam que a área estava abandonada há vinte anos e que despejo atende interesses de construtora





Foto: Regis Luis Cardoso

* Com informações de Regis Luis Cardoso

Cerca de 120 pessoas foram despejadas nesta quinta-feira (30) de uma ocupação urbana no município de Campo Largo, região metropolitana de Curitiba. As famílias sem-teto ocupavam o terreno, que fica no Jardim Vitória, bairro Ferraria, desde 7 de julho deste ano. No dia 17 de novembro, os moradores fizeram um protesto alertando para a ameaça de despejo.

A ordem de despejo foi cumprida por aproximadamente 200 policiais militares e guardas municipais. Segundo a prefeitura de Campo Largo, trata-se de um terreno particular e a reintegração foi ordenada pela justiça estadual. Os sem-teto contestam a decisão judicial, uma vez que segundo eles, o terreno foi doado pela antiga proprietária, com sua assinatura em documento. “Recebemos esses lotes da antiga moradora, que devido as enchentes tinha medo de perder tudo”, explica Renato Oliveira Tavares, líder da associação de moradores criada no espaço.

Foto: Regis Luis Cardoso

Os ocupantes afirmam que a área estava abandonada há vinte anos e que a ordem de despejo atende interesses da construtora Green Valey. Eles ainda denunciam que o advogado da associação de moradores entrou com processo questionando à decisão judicial e, desde então, passou a ser ameaçado e coagido. Segundo Tavares, a comunidade fez toda topografia da região, divisão dos lotes e, desde então, criaram a associação Jardim Vitória. No local eles construíram as 40 casas de madeira e formaram uma horta comunitária para subsistência da comunidade.

O líder da associação questiona os interesses por trás da ordem de despejo. “Essa é uma área ambiental, por aqui passa um manancial do rio Passaúna. A empresa já é milionária e quer cercar isso aqui para superfaturar. Acredito que essa área deveria ser destinada à moradia, à sua função social. A polícia simplesmente chegou e disse para gente que teria que sair até o meio dia ou então as máquinas iriam derrubar nossas casas. Nós só conseguimos tirar os pertences das casas. É o sonho da casa própria sendo destruído pelas máquinas”, lamentou Tavares.