Sindicatos criam grupos de inteligência para combater assaltos em ônibus de Curitiba

Projeto de lei prevê guardas municipais e PM usando transporte gratuitamente, mesmo sem farda





Sindicatos e Prefeitura apontam redução de crimes e fura-catracas. Foto: Pedro Ribas

Quantas pessoas são vítimas de assaltos nos ônibus de Curitiba? Quanto dinheiro é roubado? Qual é a assistência que cobradores e motoristas têm após serem vítimas de um crime? Essas são algumas perguntas que o Setor de Inteligência e Combate ao crime no Transporte Coletivo, criado pelo Sindicato dos Motoristas e Cobradores de Ônibus de Curitiba e Região Metropolitana (Sindimoc) e Setransp (sindicato patronal) pretendem responder. Nesta segunda-feira (04), trabalhadores fizeram protesto após a morte de um cobrador no Capão Raso.

O grupo deve ser integrado por Polícia Militar, Civil e Guarda Municipal, além de membros do sindicato. As reuniões devem acontecer semanalmente para conseguir dados que estão concentrados apenas com a URBS. De acordo com o Sindimoc, a ideia é diminuir os crimes com a agilidade das informações. “Com a criação do setor, vai agilizar muito a comunicação e dar mais subsídios aos policiais, quanto mais rápido ficarem sabendo dos crimes, mais rápido podem agir para pegar os culpados”, afirma o presidente do sindicato, Anderson Teixeira.

O Sindicato das Empresas de ônibus de Curitiba (Setransp) tem feito o acompanhamento dos assaltos no transporte coletivo de Curitiba e Região Metropolitana. Embora os números sejam altos, para o sindicato patronal houve redução de 38% nos crimes. Em 2016, de janeiro a julho, foram 1.856 registos. (1.239 assaltos a estações-tubo e 617 a linhas). Já em 2017, no mesmo período foram 1.142 registros (600 assaltos a estações-tubo e 542 a linhas).

De acordo com o Sindicato das Empresas de Ônibus de Curitiba e da Região Metropolitana (Setransp), “dentro desse comitê estão sendo analisadas diversas propostas para aumentar a segurança nos ônibus, como a instalação de câmeras no interior dos veículos, a aproximação com a Polícia Militar e a Guarda Municipal por meio de um protocolo de ações e o detalhamento cada vez mais minucioso dos atos de violência para ajudar na captura dos criminosos”.

Linhas mais assaltadas
Linha Trabalhador (46 assaltos)
Linha Osternack/S. Cercado (35 assaltos)
Linha Bairro Novo A (27 assaltos)
Linha Interbairros IV (22 assaltos)
Linha Interbairros VI (22 assaltos)     
Estações Tubo mais assaltadas
Estação Cel. Luiz Dos Santos – Sent. Centro (162 assaltos)
Estação Cel. Luiz dos Santos – Sent. Bairro (159 assaltos)
Estação Hipólito da Costa – Sent. Bairro (109 assaltos)
Estação Centro Médico Com. Bairro Novo (49 assaltos)
Estação Hipólito da Costa – Sent. Centro (48 assaltos) 
Fonte: Diário do Transporte Foto: Arquivo/Prefeitura de Curitiba

A paisana
Outra medida para tentar conter crimes em ônibus foi discutido na Câmara Municipal recentemente. É a previsão de que guardas municipais e policiais militares possam ter isenção no transporte público mesmo não estando fardados. A atual regra só confere a isenção para guardas fardados. Porém, a Comissão de Legislação da CMC está estendendo a isenção devido a regra que abrange a PM. A ideia é que os guardas apenas apresentem a carteira funcional ou de cartão de isento da Urbs . A proposta havia sido arquivada em maio por entender que poderia encarecer o sistema com mais isenções.

Segundo o projeto 005.00213.2017, “relatórios da Secretaria de Segurança Pública mostram que entre janeiro e março de 2016 foram registradas 8.569 ocorrências entre roubos de residências, comércios e veículos. Os números caracterizam um aumento de 14% em relação a 2015, só na região central de Curitiba o aumento foi de 24%, porém os números podem ser maiores porque as pessoas não têm a prática de registrar o Boletim de Ocorrência. Os dados representam um assalto a cada 15 minutos na Capital. Falando especificamente de assaltos ao transporte coletivo notícias mostram que o número de crimes aumentou 2% na média diária, totalizando oito assaltos por dia. A onde de violência nos veículos e estações tubo, de 2009 a 2016, registrou um prejuízo de 3,2 milhões”, justifica-se.

Segundo o site Diário do Transporte, “nos nove primeiros meses de 2016, foram 2.322 assaltos em ônibus e estações-tubo da capital paranaense”. Os números são utilizados para sustentar a necessidade de PMs e agora guardas municipais poderem usar o transporte público sem farda.

Para a Prefeitura de Curitiba, por outro lado, “o número de roubos e assaltos no transporte coletivo de Curitiba caiu 22% neste primeiro quadrimestre (2017) em comparação ao mesmo período do ano passado. Os dados são da Urbanização de Curitiba S/A (Urbs), responsável pelo sistema de transporte público da capital.

Fura-catraca
A Prefeitura de Curitiba tem dedicado atenção especial para os fura-catracas. Na semana passada, a Guarda Municipal fez uma operação especial para coibir a prática das invasões de ônibus, os chamados fura-catracas, em estações-tubo. Denominada Operação Arapuca, a ação apreendeu 20 adolescentes que “furaram” a estação-tubo Morretes, em frente ao Colégio Estadual Pedro Macedo, no bairro Portão.

Por outro lado, relatório do Setransp apontou redução dos fura-catracas entre 2015 e 2016. Mesmo assim, a queda tímida, de 1,1% (de 26,8 mil para 26,5 mil) representa R$ 400 mil de prejuízo.