PT não descarta aliança com Requião no Paraná

“Não se trata necessariamente de aliança eleitoral, mas precisamos de uma aliança política para fortalecer o campo da centro-esquerda no Brasil”, avalia a presidenta do PT.





Senador Roberto Requião. Foto: Geraldo Magela/Agência Senado

A onze meses das eleições de 2018, corre à solta a temporada de especulações políticas. Mas até as definições de fato acontecerem, ainda deverá passar muita água debaixo dessa ponte e muitos balões de ensaio ainda serão necessários para mensurar as expectativas de resultados eleitorais.

Os partidos todos têm seus métodos, mas poucas pessoas, fora do Partido dos Trabalhadores (PT), especialmente as mais ansiosas com a ampulheta da imprensa, entendem o processo de construção das candidaturas nas instâncias partidárias, o debate interno das alianças petistas e a formulação das suas táticas eleitorais. Essas definições têm calendário e protocolo. Mas as conversas, sondagens e os “diz que me diz que” já começaram.

Na semana passada, a senadora eleita pelo Paraná e presidenta nacional do PT, Gleisi Hoffmann, teve de responder sobre a política de alianças do PT aos questionamentos dos internautas no espaço do “Face to Face”, que é um diálogo periódico que a petista mantém, por meio das redes sociais, com seus seguidores. O perfil da senadora registra mais de um milhão de curtidas.

A má interpretação de uma frase proferida pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, pré-candidato do PT à Presidência da República, durante a caravana por Minas Gerais, causou um frisson interno e ocupou espaço no debate político das redes. A senadora Gleisi explicou aos internautas que, quando Lula disse que perdoava os golpistas, ele estava se referindo não aos partidos e parlamentares que votaram pelo impeachment da Presidenta Dilma Rousseff. “Lula se referiu à parcela expressiva da população que apoiou o golpe, sem ter informação. Grande parte dessas pessoas foi enganada e não podemos desconsiderá-la. Temos, sim, de fazer um debate sincero. Elas também estão sofrendo com o golpe”, disse Gleisi.

Quanto à relação partidária, Gleisi falou que a aliança preferencial que o PT irá construir, com o objetivo de reconduzir Lula à Presidência da República, será com o povo brasileiro e que esta vai se dar “preferencialmente com os partidos de centro-esquerda”.

PMDB de Temer não entra!
A presidenta nacional do PT respondeu ainda aos internautas sobre o rompimento da relação com o PMDB do golpista Michel Temer em nível nacional. “Não vamos ter aliança nacional com o PMDB para eleger o presidente Lula. Ele não fará parte de nossa coligação para apoiar nossa candidatura, até porque tiraram a Presidenta Dilma do poder e estão impondo uma pauta de retrocessos ao Brasil”, disse Gleisi.

Gleisi listou os principais pontos dessa pauta de retrocessos: a reforma trabalhista, a Emenda Constitucional 95, do congelamento dos investimentos em saúde e educação, a venda da Petrobras, da Eletrobras, a entrega da Amazônia, o aumento no preço dos combustíveis, do gás de cozinha e da tarifa de energia elétrica, entre outros. “É tudo o que nós discordamos. Essa pauta é contrária aos interesses do povo brasileiro. Não podemos aceitar isso”, disse a senadora.

“Temos clareza do papel que nós estamos desempenhando nesse momento de resistência e clareza do nosso papel também na reconstrução do Brasil”, defendeu. Ela sustentou que as conversas que o PT vem fazendo são com partidos que se posicionaram contra a reforme trabalhista e a emenda constitucional 95, que são contrários à reforma da Previdência, à venda da Petrobras e à privatização da Eletrobras. Apesar de alguns desses já haverem manifestado a intenção de lançar candidaturas próprias.

Partidos como o PCdoB de Manuela d’Ávila, o PDT de Ciro Gomes, o PSB e o PSOL estão na mira e no foco da simpatia do PT. “Essas pré-candidaturas contam com toda legitimidade e com respeito da gente, mas não vamos deixar de conversar”, afirmou. Para Gleisi, “não se trata necessariamente de aliança eleitoral, mas precisamos de uma aliança política para fortalecer o campo da centro-esquerda no Brasil”, argumentou Gleisi. O objetivo, segundo a senadora, é o de somar forças para evitar a perpetuação do golpe e que, de fato, em 2018, haja eleições livres e democráticas no País. “Corremos risco nisso!”, alertou.

Caso a caso
Mas com o PMDB de Requião e Kátia Abreu é outra história! No Paraná, o PMDB é comandado pelo senador Roberto Requião. “Não vejo problema nenhum em fazer uma aliança com o PMDB no estado. Vamos ter de analisar caso a caso”, ponderou a petista. Ela lembra que Requião votou contra o golpe, contra os retrocessos e classifica-o como sendo um dos parlamentares que lutam pelo Brasil.

A identidade e afinidade do PT com o PMDB no Paraná, que levam as duas siglas a não descartarem hoje uma aliança localizada, se repete no Tocantins, terra da senadora Kátia Abreu, que também teve posições firmes contra o golpe ao governo de Dilma Rousseff e tem votado contra todas as matérias listadas pela colega petista como essenciais para balizar as posturas dos políticos e separar o joio do trigo. “Nós vamos ter que, do ponto de vista regional, analisar caso a caso e nos pautar por aquelas alianças com quem é progressista e se colocou ao lado do povo brasileiro quando ele mais precisou. Essa é a leitura que temos de fazer lá na frente, dentro das instâncias decisivas do Partido”, completou.

Para acalmar os ânimos internos, a senadora e presidenta nacional do PT foi logo dizendo à militância: “Toda a construção de aliança que nós formos fazer do processo eleitoral vai passar pelas instâncias partidárias, por decisão política e não vai ser fruto da imposição de ninguém, nem mesmo da direção nacional”. “Vamos fazer sempre um debate aberto e transparente.
E o nosso lado é o lado do povo brasileiro, contra o golpe e contra esses retrocessos que a sociedade brasileira está amargando”, arrematou.