“Não posso aceitar que um canalha qualquer nesse país me chame de ladrão”, diz Lula

Lançado candidato à presidência da República um dia depois que o Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) condená-lo sem provas, o ex-presidente voltou a afirmar que estará na campanha eleitoral deste ano: “O que está sendo julgado é a forma que nós governamos esse país”, disse




FonteRevista Fórum

Foto: Leandro Taques

Lançado candidato à presidência da República um dia depois que o Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) condená-lo sem provas, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a afirmar que estará na campanha eleitoral deste ano. Em discurso firme, Lula disse que os desembargadores estavam tentando condenar uma parcela grande do povo brasileiro “que reconhecem no PT e no Lula a possibilidade desse país voltar a ser respeitado e o povo voltar a ter autoestima”.

“O que está sendo julgado é a forma que nós governamos esse país. É a tentativa de criminalizar uma organização política que colocou o pobre pela primeira vez no centro da discussão social. O Lula é apenas a ponta de lança que eles querem tirar do jogo. Sou um cidadão que acredita nas instituições. Nós vamos recorrer naquilo que for possível recorrer e batalhar até o final”, disse Lula.

“Nós conseguimos passar para a sociedade a questão política que está em jogo. Embora eles tenham a grande mídia, eles sabem que eles perderam na consciência do povo brasileiro. É por isso que estou tranquilo”, acrescentou o ex-presidente. “O que mais coloca minha honra na flor da pele: não posso aceitar que um canalha qualquer nesse país me chame de ladrão. Eles fizeram uma mistura entre judiciário, MP, PF e mídia”, atacou Lula em seu discurso.

Na reunião aberta da Executiva Nacional petista na sede da Central Única dos Trabalhadores (CUT) em São Paulo, a presidenta do PT, senadora Gleisi Hoffman (PR), anunciou oficialmente o lançamento da pré-candidatura de Lula à presidência, mesmo que a confirmação da condenação o torne inelegível.

Embora Lula e seus advogados tenham à disposição recursos judiciais que podem lhe permitir ser candidato, o senador Lindbergh Farias (PT-RJ) disse que não será com liminares que se garantirá a candidatura de Lula, mas com manifestações de rua. “Em um momento desse, para enfrentar o golpe tem que ter enfrentamento social, tem que ter rebelião cidadã”, disse Lindbergh. “Pra prender o Lula, vocês vão ter que prender milhões de brasileiros”, acrescentou. O deputado Wadih Damous (PT-RJ), por sua vez, acusou o Judiciário, a imprensa e opositores de Lula de “colocarem fogo” no país. “Não cabe a nós o papel de bombeiros”, alertou.

Figuras importantes do PT, como o líder do partido na Câmara, Paulo Pimenta, o líder da minoria no Senado, Humberto Costa, e o governador do Acre, Tião Viana, compararam a situação de Lula a de outros ex-presidentes como João Goulart, Juscelino Kubitschek e Getúlio Vargas. Viana e Costa defenderam “desobediência civil” para assegurar a candidatura de Lula e uma intensa mobilização nas ruas.

O evento do PT contou com a presença de integrantes de movimentos sociais. Membro da Frente Brasil Popular, Raimundo Bonfim defendeu em seu discurso que “não resta outro caminho a não ser a rebelião e a desobediência civil”. João Pedro Stédile, líder do MST, disse que os movimentos sociais vão impedir a prisão de Lula. “Aqui vai um recado ao seu Poder Judiciário e à dona Polícia Federal: nós dos movimentos sociais não vamos aceitar e vamos impedir de toda a forma a prisão de Lula”.