Universitários indígenas do Paraná protestam contra atraso de bolsa-auxílio

Segundo o Fórum de Acadêmicos Indígenas do Norte do Paraná, universitários estão com dificuldades para se manterem matriculados em seus cursos de graduação





Acadêmicos e servidores organizaram um ato em frente a reitoria da UEM. Foto: Sinteemar

Estudantes indígenas de universidades públicas do Paraná estão com dificuldades com o atraso do pagamento de bolsas auxílio dos acadêmicos por parte da Secretaria de Estado, Tecnologia e Ensino Superior (Seti). Em razão disso, acadêmicos da Universidade Estadual de Maringá (UEM) organizaram um protesto nesta segunda-feira (26) em frente a reitoria da instituição. O ato recebeu apoio de servidores e do Sindicato dos Trabalhadores em Estabelecimentos do Ensino Superior de Maringá (Sinteemar).

Credenciados ao programa Universidade Sem Fronteiras, os universitários necessitam do auxílio para se manterem matriculados nos cursos de graduação. Segundo o Fórum dos Acadêmicos Indígenas do Norte do Paraná, alguns estudantes já encontram-se em situação de vulnerabilidade em decorrência destes atrasos do governo Beto Richa (PSDB). Vindos de aldeias de regiões, os acadêmicos estão sem dinheiro para alimentação, transporte e aluguéis.

Instituída em 2001, a bolsa-auxílio é uma maneira dos indígenas ingressarem no ensino superior e se capacitarem para posteriormente ajudar suas comunidades, adquirindo assim autonomia e autossustentação. O Fórum alerta que o auxílio é a única fonte de renda da maioria dos universitários. De acordo com a entidade, alguns estudantes podem desistir de seus cursos caso a Seti não efetue o pagamento do benefício.

Logo após a manifestação, os universitários indígenas e servidores foram recebidos pelo vice-reitor da UEM, Júlio Damasceno. Ele informou que o atraso está acontecendo em virtude da migração dos dados para o novo sistema de pagamentos, conhecido como “SIAF”. Segundo ele, a Secretaria do Estado da Fazenda (Sefa) está com dificuldades na operacionalização do sistema desde que foi implantado em janeiro.

Em consequência, vários pagamentos estão em atraso, tais como do pagamento das bolsas dos acadêmicos indígenas, de alunos de pós-graduação, auxílio alimentação, auxílio transporte, elaboradores de provas e bancas de correção do vestibular, fornecedores de medicamentos para hospitais universitários, entre outros.

Indígenas nas universidades

Cerca de 200 indígenas, das etnias Guarani, Kaingang e Xetá, estão matriculados nas universidades estaduais. Há três projetos de extensão desenvolvidos nas universidades estaduais com temática indígena, com o apoio do Programa Universidade Sem Fronteiras. O programa “Memória e Identidade do povo Kaingang na Terra Indígena Rio das Cobras”, na Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), é um resgate da cultura Kaingang, por meio das memórias da tribo, em forma de documentário.

Já os projetos “Letramento Intercultural no Ensino Médio: Registrando Memórias e Valorizando as Línguas Indígenas no Paraná” e “A Formação de Gestores e Professores da Escola Indígena Bilíngue, Diferenciada e Intercultural e suas Narrativas Curriculares de Resistência” visam ensinar português nas aldeias, ligando o idioma a cultura indígena e suas diversas formas de expressão. Valorizando também os idiomas nativo.