Por onde anda a tática Black Bloc?





Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil/Fotos Públicas

Dr. Rosinha*

Fui para o Google e digitei “Black bloc”. Em 37 segundos apareceram aproximadamente 10,9 mil resultados. Fui  buscar informações, saber quando foi a última ação do movimento nas ruas de cidades brasileiras. A última notícia é de 2016.

A matéria do “El País”, de setembro de 2016, afirma que definir o movimento Black Bloc “é das tarefas mais difíceis e falar sobre eles é se mover em um terreno movediço. Mesmo porque, não há os black bloc. Não existe movimento black bloc, tampouco existe uma organização que hierarquize decisões. O que há é a tática, o modo de agir, o modo de vestir. É muito mais uma ideia de ação difusa que parte de pessoas que pertencem a grupos sociais e ideológicos diferentes e, vez ou outra, até mesmo conflitantes”.

Algumas dúvidas surgiram ao ler o conceito e ao constatar que desde o golpe contra Dilma Rousseff o movimento Black Bloc não tem mais atuado nas ruas do nosso país. Será que eles migraram do Brasil para o exterior? Se existem, por onde andam?

Outra questão. Será que no Brasil quem ia para as ruas não era o ‘braço armado’, ou seja, infiltrados comandados por golpistas e não os verdadeiros Black Bloc? Digo infiltrados porque, segundo Paulo Cezar Monteiro, em reportagem da Revista Fórum, de agosto de 2013, a tática Black Bloc surgiu na Alemanha na década de 1980 para defender os “squats” (ocupações), tendo como protagonistas os anarquistas.

Neste mesmo artigo, Monteiro reproduz uma frase retirada do Facebook “Black Bloc Brasil”: “Os ativistas Black Bloc não são manifestantes, eles não estão lá para protestar. Eles estão lá para promover uma intervenção direta contra os mecanismos de opressão, suas ações são concebidas para causar danos às instituições opressivas”.

Ora, se iam às ruas “para causar danos às instituições opressivas” porque não saem agora que a opressão e a exploração aumentaram no Brasil pós-golpe? A ausência deles nas ruas neste momento de profunda opressão e exploração que sofre a classe trabalhadora reforça a suspeita que os Black Bloc de 2013 eram agentes da direita infiltrados nos movimentos e que alguns militantes da esquerda foram enganados ou traídos.

As ações de depredação que ocorriam durante as passeatas de 2013 e alguns outros atos daquele ano podem ter sido organizadas por fascistas infiltrados. Em todas as manifestações em que participavam a violência estava presente: haviam enfrentamentos entre a polícia e os Black Bloc e quem era criticado era o PT e a presidenta Dilma, não os governadores, principalmente Geraldo Alckmin, que comandava, de fato, a polícia.

Onde andam os Black Bloc?

Não sei onde os verdadeiros Black Bloc andam, mas os infiltrados sim: estão no poder e destruindo o Brasil. Os estragos que Michel Temer e sua corja vêm causando ao Brasil e aos trabalhadores e trabalhadoras são enormes e por longo prazo.

Os Black Bloc que estão no poder tem capacidade de destruição muito maior que a tática de quebrar vidros de agências bancárias. E, sua efetividade, é oposta ao desejo de destruição do capitalismo dos verdadeiros Black Bloc.

Os que estão no poder são efetivos em reforçar o capitalismo, principalmente o grande capital. O artigo do “El País” afirma que o que há em comum nos indivíduos que participam do movimento Black Bloc é a “tática, o modo de agir, o modo de vestir”.

Vejo que há semelhanças com os golpistas que estão no poder: tem uma tática de destruição (destroem o país e os direitos da classe trabalhadora) e se vestem quase iguais: terno e gravata, variando a tonalidade, porém gostam de vestir-se de preto.

* Dr. Rosinha é presidente estadual do PT Paraná e foi deputado federal e Alto Representante Geral do Mercosul.