“Moro age como militante, com lado de classe”, apontam lideranças em ato de solidariedade à Lula

Manifestações em defesa do ex-presidente acontecerão ao longo de toda a sexta-feira (6)





Militantes de diversos movimentos populares participam de ato em solidariedade a Lula em São Bernardo do Campo. Foto: Mídia Ninja

Manifestações em defesa de Lula estão marcadas para acontecer ao longo desta sexta-feira (6) em todo o país como reação ao anúncio do juiz Sérgio Moro em determinar a prisão do ex-presidente. Movimentos sociais e populares anunciaram que resistirão em defesa da liberdade do ex-presidente. A resistência iniciou na noite de ontem (5) com uma vigília em frente a sede do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, em São Bernardo do Campo. A mobilização no ABC paulista seguirá ao longo da sexta-feira (6).

O ato político, que invadiu a madrugada desta sexta-feira (6), reuniu diversos dirigentes políticos e milhares de militantes de movimentos sociais e populares. “Nós iremos resistir, não deixaremos que apaguem desta forma o que fizemos em 13 anos neste país”, disse a ex-presidenta Dilma Rousseff (PT), uma das primeiras a se manifestar no caminhão de som colocado em frente ao sindicato. O juiz de segunda instância Sergio Moro foi um dos principais alvos dos discursos das lideranças políticas. “Ele [Sergio Moro] é um irresponsável, ele quer incendiar o Brasil. Moro é um covarde!”, exclamou o senador Lindbergh Farias (PT-RJ).

A senadora Gleisi Hoffmann, presidenta nacional do PT, afirmou que a Constituição Brasileira foi rasgada graças a “um juiz que não entende o que é democracia, que não conhece o povo e que não conhece o Brasil”. Para ela, Moro não age como um magistrado. “Ele é um militante político. Ele não é imparcial. Ele tem uma obsessão. É doentio o sentimento do Moro em relação a esquerda, aos movimentos sociais e ao presidente Lula. Mas diferente do juiz Moro, o que nos move não é o ódio. O que nos move é o Brasil e o povo brasileiro”, declarou.

A mobilização em frente ao Sindicato dos Metalúrgicos foi novamente uma demonstração da união da esquerda diante do atual cenário. Vereadores e deputados do PDT, PSB, PCdoB e PSOL marcaram presença. “Essa prisão antecipada é compatível com a postura do juiz Sergio Moro. Ele já mostrou que é arbitrário, que tem lado de classe. Já tinha mostrado isso quando fez ilegalmente a coerção coercitiva do Lula, fez também quando abriu áudio de Lula e Dilma ilegalmente”, lembrou o deputado federal Ivan Valente (PSOL-RJ).

Pré-candidatos à presidência estiveram novamente juntos no palanque em defesa do de Lula. “Seguiremos resistindo por Lula, pela democracia. Eles rasgaram cláusulas pétreas da Constituição que foi escrita com sangue de brasileiros e brasileiras na ditadura e que fizeram a redemocratização do país. Os tiros em Marielle [Franco], os tiros na caravana do presidente Lula foram transformados em coragem e luta de resistência democrática. Pois Lula vale a luta, o Brasil vale a luta”, afirmou Manuela D’avila, deputada estadual do Rio Grande do Sul e pré-candidata à presidência pelo PCdoB.

Logo após o pedido de prisão feito por Moro, Guilherme Boulos, líder do MTST e pré-candidato a presidente pelo PSOL, fez uma convocatória à militância sem-teto do ABC para estar presente na vigília em defesa de Lula. Presente ao ato, ele ressaltou que o STF consolidou uma farsa por meio de uma condenação sem provas. “Enquanto isso contra o Temer há malas e gravações e ele está no Palácio. Tem gravações do Aécio Neves pedindo dinheiro por telefone e ele está lá no Senado. Mas contra o Lula não tem uma única prova”, disse Boulos. “Estar aqui na frente deste sindicato é estar ao lado certo da história e a história no futuro irá julgar quem esteve de um lado e quem esteve do outro”, completou.

A vigília pelo ex-presidente em São Bernardo do Campo continuará ao longo desta sexta-feira (6). Em Curitiba, cidade onde o Lula tem que se apresentar à Polícia Federal, foi iniciada uma vigília na noite de quinta-feira (5), na sede estadual do Partido dos Trabalhadores, ainda sem hora para acabar.