Manuela D’Avila: “Gritar por Lula livre é gritar por um Brasil livre”

Após participar de ato político no Acampamento Lula Livre, deputada foi agredida por um simpatizante de Jair Bolsonaro





Manuela D'Avila: "Lula vale nossa unidade. Lula vale todos os esforços coletivos para estarmos juntos". Foto: Gibran Mendes

Os gritos de “eu sou Lula” encerraram o ato político organizado na manhã desta segunda-feira (9) no acampamento Lula Livre, em frente à superintendência da Polícia Federal (PF), em Curitiba. Mais que uma palavra de ordem ecoada pelos manifestantes que estão desde sexta-feira (6) em vigília de solidariedade ao ex-presidente, as palavras simbolizam a unidade da esquerda destacada durante o ato político, especialmente por Manuela D’Avila, deputada estadual pelo Rio Grande do Sul e pré-candidata à presidência pelo PCdoB.

Manuela voltou à Curitiba doze dias após o ato suprapartidário na Praça Santos Andrade para prestar novamente seu apoio à Lula. Ela também acompanhou toda a movimentação na sede do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, em São Bernardo, nas horas que antecederam à chegada de Lula à sede da PF em Curitiba. “Naquele lugar onde Lula construiu grande parte de sua luta e das grandes transformações mais profundas deste país, o que víamos era a serenidade de quem está sendo injustiçado. Lula estava com uma serenidade indignada”, disse Manuela.

Ao citar as mobilizações que tem participado em defesa de Lula junto com Guilherme Boulos, também pré-candidato à presidência do PSOL, Manuela afirmou que neste momento a palavra de ordem “Lula vale a luta” será acrescida de “Lula vale a nossa unidade”. “O que Boulos e eu estamos fazendo não é mais que nossa obrigação, pois o que nos une é muito maior do que qualquer diferença que possa existir entre a gente. O que nos une é Lula, Lula vale nossa unidade. Lula vale todos os esforços coletivos para estarmos juntos, pois ele está preso por causa da gente, pelo o que fez pelo povo brasileiro. Gritar por Lula livre hoje é gritar pelo Brasil livre”, destacou a presidenciável.

A deputada lembrou da cobertura internacional sobre a prisão do ex-presidente e do fato dele ser o “líder mais importante da história do país”. Ela pontuou que “Lula é um preso político e que isso preciso ser denunciado a todo instante pela militância”. “Qualquer pessoa, de que lado esteja, lá em sua consciência, sabe que Lula é um preso político. Temos que dar nome a isso que está acontecendo”, afirmou a gaúcha.

Ato político nesta segunda-feira (9) no Acampamento Lula Livre. Foto: Gibran Mendes

Unidade popular

O deputado Paulo Pimenta, líder do Partido dos Trabalhadores na Câmara Federal, também esteve pela primeira vez no acampamento Lula Livre. Ele destacou as manifestações em apoio à Lula que aconteceram no domingo (9) em todo mundo, citando mobilizações na Argentina, Uruguai e França. “O que estamos assistindo é uma jornada de perseguição por tudo aquilo que Lula fez e ainda pode voltar a fazer pelo povo brasileiro. Fazer o Brasil voltar a ser uma pátria soberana e não um nação de joelhos como está hoje”, apontou. Assim como Manuela D’Avila, Pimenta destacou o fortalecimento de uma “unidade popular de esquerda que possa fornecer uma perspectiva diferente dessa que está ai após o golpe”.

O deputado Patrus Ananias, ex-ministro do Desenvolvimento Social e Combate à Fome no governo Lula, destacou que a prisão do ex-presidente começou a ser articulada com o impeachment de Dilma Rousseff e que atualmente Lula é um “preso político do golpe em curso”. Já o deputado Zé Geraldo (PT-PA) informou aos manifestantes que uma caravana do Pará virá à Curitiba para se juntar ao acampamento Lula Livre. O parlamentar falou sobre a perseguição ao ex-presidente em decorrência de sua liderança nas pesquisas da corrida presidencial. “No Pará, Lula seria eleito no primeiro turno com 60% de votos. Esse é o motivo do Lula estar preso. A direita não quer perder a quinta eleição de forma democrática”.

Agressão

Após participar do ato político, ao término de uma entrevista, a deputada Manuela D’Ávila foi agredida por um simpatizante do deputado e pré-candidato à presidente Jair Bolsonaro (PEN), que passando-se por participante do acampamento, pediu para tirar uma foto com a parlamentar. Ele aproveitou o momento para fazer provocações e xingamento à deputada.

O que chamou a atenção dos presentes e foi denunciado por Manuela é que a área onde o agressor estava antes do ocorrido é restrita, com circulação apenas de pessoas autorizadas e agentes da Polícia Federal –ou seja, não poderia ser acessada por manifestantes nem a favor e nem contrários a Lula. Após a agressão, o homem voltou à área da PF. A deputada criticou o fato de a polícia ter liberado e escoltado o agressor, e não a vítima.

A parlamentar pediu aos policiais presentes que o sujeito seja identificado, já que imagens gravadas minutos antes da agressão comprovam que ele conversava com agentes da polícia. “O problema não é a provocação que esse homem fez a mim. A minha maior preocupação é com a segurança do presidente Lula. Ele está aqui dentro, come aqui. Queremos saber se o agressor por acaso trabalha aqui [no prédio da PF]. Se a polícia não esclarecer, vai caber a mim a interpretação dos fatos”, disse.