Vereadores repudiam violência contra apoiadores de Lula

Parlamentares ainda criticaram decisão do prefeito Rafael Greca em pedir à Justiça um interdito proibitório nas imediações da PF





Professora Josete no domingo (8) no acampamento Lula Livre. Foto: Gibran Mendes

Os atos de violência registrados em frente à superintendência da Polícia Federal em Curitiba contra manifestantes que participam de uma vigília em apoio ao ex-presidente Lula foram repudiados nesta segunda-feira (9), na Câmara de Curitiba, pelos vereadores Goura (PDT) e Professora Josete (PT). A dupla ainda criticou a atitude do prefeito Rafael Greca (PMB) que pediu à Justiça um interdito proibitório para impedir que os manifestantes permaneçam nas imediações da sede da PF.

Na noite do sábado (7), por volta das 22h30, os apoiadores de Lula foram atacados por policiais federais por bombas de gás lacrimogênio e tiros de balas de borracha quando o helicóptero que trazia o ex-presidente chegava à sede da PF. Dezenas de pessoas ficaram feridas na ação policial. Ainda não há informações claras sobre o que motivou o ataque da polícia, que aconteceu após a realização de um ato ecumênico em solidariedade à Lula.

O vereador Goura (PDT) afirmou que os manifestantes pró-Lula foram atacados sem qualquer justificativa. “Os manifestantes que pacificamente faziam um ato foram atingidos por bombas de gás. Enquanto isso, no mesmo momento, os contrários ao ex-presidente soltaram rojões em direção ao helicóptero que trazia Lula”, disse o pedetista.

Apesar de destacar a importância da operação Lava Jato, Goura afirmou que há inconsistências e ilegalidades nas investigações. Para ele, não há motivos para comemorar a prisão do ex-presidente. ”Gostando ou não dele, Lula é a mais expressiva liderança política do Brasil. A prisão pode fragilizar a democracia brasileira. Não há motivo para comemorações”. disse o vereador.

O parlamentar afirmou que “o ódio tem sido mobilizado todos os dias para dividir a sociedade brasileira”. Neste sentido, ele criticou o papel desempenhado pela prefeitura ao pedir um interdito proibitório e contribuir com esse cenário. “Ao invés de buscar um entendimento junto à executiva do PT e aos manifestantes, o prefeito foi a justiça pedir um interdito proibitório”, lamentou.

A vereadora Professora Josete (PT) também argumentou neste sentido sobre o pedido da prefeitura. “Infelizmente alguns gestores reforçam a política antidemocrática. Pedir um interdito proibitório na cidade é uma excrecência em um estado e uma cidade que se diz democrática. E o pior tem um juiz que assina embaixo. É um regime de exceção que se desdobra em todos os níveis, que agora quer impedir que pessoas se manifestem em favor de um projeto político”, disse Josete, cobrando responsabilidade da prefeitura neste momento crítico.

A petista ainda repudiou a ação da Polícia Federal. “Em uma atitude descabida pessoas que estavam em defesa do presidente Lula foram atacadas covardemente pela Polícia Federal. Isso é muita grave, não podemos nos calar diante do que está acontecendo. Não vivemos mais um momento de legalidade, vivemos um regime de exceção que se desdobra em todos os níveis”, falou Josete, concluindo que “Lula é inocente e, portanto, um preso político”.

Outro lado – Já o vereador Osias Moraes (PRB) manifestou-se na tribuna da Câmara favoravelmente a prisão de Lula, porém não fez nenhuma menção a violência contra os apoiadores do ex-presidente. Ele resumiu-se a enaltecer o trabalho de delegados, promotores e juízes, utilizando-se do slogan que virou tema de filme de que “a lei é para todos”. Outro parlamentar a pronunciar-se a favor da prisão de Lula foi Cristiano Santos (PV), afirmando que “representa o desejo da maioria dos brasileiros”. Ele acusou os apoiadores de Lula de agredirem profissionais da imprensa durante a cobertura da chegada do ex-presidente na PF, porém não fez menção às agressões policiais aos manifestantes.