Justiça é morosa com Beto Richa

Sem foro privilegiado, tucano ainda não foi incomodado pela força-tarefa da Lava Jato





O presidente da Assembleia Legislativa do Paraná, Ademar Traiano, o governador do Paraná, Beto Richa e o ex-deputado federal e agora, preso, Eduardo Cunha. Foto: Orlando Kissner / Fotos Públicas.

Beto Richa deixou o governo do Paraná no dia 6 de abril. De lá pra cá, já são quatro dias, ou mais de 96 horas que ele perdeu o foro privilegiado. Contudo, até agora, não há informações que o Ministério Público Federal ou o juiz Sérgio Moro tenham solicitado a prisão preventiva ou sequer uma condução coercitiva do tucano. Para se ter uma ideia, o MPF do Paraná peticionou o TRF 4 pedindo a prisão do Lula 12 horas depois do julgamento do habeas corpus no Supremo Tribunal Federal (4 de abril). 22 minutos depois, Moro mandava prender o petista.

Coitado com sorte (1)
Está com o Supremo Tribunal de Justiça (STJ) inquérito que apura se Beto Richa teria recebido R$ 2,5 milhões de caixa 2 durante a campanha de 2014. A deleção foi feita pela Odebrecht. Já em outra denúncia, agora de Joesley Batista, dono da Friboi, é mencionado que o ex-governador pede dinheiro e é chamado de coitado. Essa investigação fez com que o Ministério Público Federal chegasse as denúncias no Porto de Santos contra Temer e seus amigos, inclusive decretando prisão preventiva. Mas nada chegou em Richa, por enquanto.

Coitado com sorte (2)
Ainda sobre o caixa 2 de campanha, após a perda do foro privilegiado, a investigação deve descer para as mãos do juiz Sérgio Moro, titular da 13a Vara Federal de Curitiba, uma vez que o inquérito fica sob responsabilidade da força-tarefa do Ministério Público do Paraná. Se for eleito senador, Beto Richa pode se livrar da investigação por mais oito anos.

Coitado com sorte (3)
A morosidade com o tucano é tão grande que o STJ não deu sequência a deleção premiada sobre corrupção passiva e caixa 2 nos desvios da Receita Estadual. A suspensão do inquérito ocorreu após o ministro Gilmar Mendes (STF) entender que o acordo de delação de Luiz Antônio de Sousa tinha que ser celebrado com a Procuradoria-Geral da República, não com MP Estadual, que apura a corrupção.

Com azar?
Ontem, o vice-procurador-geral da República, Luciano Mariz Maia, solicitou que as investigações de quem tinha foro privilegiado desçam para as instâncias cabíveis. Richa é alvo em quatro denúncias. Operação Publicano, dois relativos a Odebrecht, onde ele é conhecido como o “piloto” e um último conhecido como Operação Superagui

Tucanos na mira
A prisão do ex-presidente Lula não aumentou a sensação de justiça, mas de impunidade no país, uma vez que tucanos não são encurralados. Mas agora eles podem ser laçados. O senador Aécio Neves, que ainda tem foro privilegiado, prestará depoimento no dia 17 de maio sobre as malas de dinheiro, dois milhões de reais, que recebeu da Obebrecht. Já a força-tarefa da Lava Jato de São Paulo quer que o ex-governador Geraldo Alckmin, o “santo” das planilhas”, seja investigado imediatamente. Ele é suspeito de receber R$ 10,7 milhões. Segundo a Folha de São Paulo, “no mesmo dia em que Alckmin deixou o governo, a Polícia Federal prendeu o engenheiro Paulo Vieira de Souza, conhecido como Paulo Preto, acusado de ser arrecadador de recursos ilegais para campanhas tucanas em São Paulo”.