Candidatura de Alckmin patina, revela pesquisa

Militância na imprensa e no judiciário não alavanca candidatura do "santo"





Foto: Governo do Estado de São Paulo/Fotos Públicas

Lula preso | A imprensa deu grande destaque ao recuo das intenções de voto do ex-presidente Lula. Mas não explicaram que a sua ausência na urna tende a criar uma grande instabilidade democrática e eleitoral no país. O foco é tentar pacificar que Lula não será candidato e deve procurar o plano B. Ora, mas quem define isso é o partido, seus aliados e sua militância, não os jornais e o desejo da direita que está sem candidato viável.

Lula livre | O que a pesquisa confirma, consolida, chancela é que o “chão” de Lula é um terço do eleitorado brasileiro. Pode bater, pode prender, pode caçar que 31% dos eleitores está disposto a vê-lo novamente na presidência. Os motivos dessa vontade, no entanto, não aparecem na pesquisa. Petistas como a presidenta do PT, Gleisi Hoffmann, ou os pré-candidatos Manuela D’Ávila (PCdoB) e Guilherme Boulos (PSOL) já apontaram o motivo: Lula representa um ideal de combate a injustiça que começa a ser novamente assimilado pela população. O povo, a cada dia que passa, enxerga que a prisão de Lula é o mesmo que a prisão de seus sonhos. Enquanto isso, os ricos estão soltos. 

Alckmin patina | Mas esse dado, a pesquisa e os analistas se recusam a mostrar. Assim como não apontam que a principal candidatura da direita conservadora brasileira encalha vergonhosamente. Trata-se de Geraldo Alckmin (PSDB). No espaço de semana em que antecedeu a pesquisa, prenderam Lula, tentam tirar Bolsonaro da disputa (justamente, mas estratégia maquiavélica) com uma ação judicial e impediram que Alckmin seja investigado pela Força-Tarefa da Lava Jato. Porém, tanta força dos bastidores não foi acompanhada pelo eleitorado. É aquela famosa frase: faltou combinar com os russos. Alckmin e as urnas não falando a mesma língua, empurrando o tucano para o 4o lugar, com patéticos 6%.

Lá vem Barbosão | O naufrágio é tão preocupante que até o ex-ministro Joaquim Barbosa, filiado há sete dias, isso mesmo, sete dias ao PSB, já aparece a frente do político que governou o maior colégio eleitoral do país, São Paulo, nos últimos sete anos e está no poder bandeirante há pelo menos duas décadas. São 8% contra 6% sem ao menos Barbosa abrir a boca.

Picolé de chuchu, de novo | Alckmin, aliás, está órfão de discurso. Não poderá tomar de Barbosa a agenda da honestidade e do combate à corrupção. Sem contar que o novo ministro é sim o “novo na política”. Negro, de família pobre, intelectual que ascendeu com seus méritos. Já Alckmin é filho dos conchavos das elites políticas paulistas. O tucano também já perdeu o discurso radicalizado da direita, que prefere Jair Bolsonaro (de partido desconhecido). Assim como a Lula, tentar tirá-lo do pário só ampliará os grunhidos de sua militância. Para piorar, Alckmin ainda vê parte da elite econômica e liberal seguir namorando com a indecisa Marina Silva.

Difícil de carregar | A pesquisa Datafolha se esforça para dizer que em São Paulo, 36% consideram seu governo bom. Ora, isso significa que 64% consideram seu governo ruim ou regular, logo, inibindo o voto nele. Cenário desolador para um candidato a presidente cujo cabo eleitoral em São Paulo é o também rejeitado João Dória Jr, embora esse lidere as pesquisas no estado.

Santo do pau oco | O que os números revelam, mas a imprensa tenta esconder, é que de um lado não se obteve sucesso ao destruir a candidatura de Lula. Do outro, vai ser mais difícil ainda construir a imagem de um presidente identificado com a impunidade.