Greve: A extrema direita pega carona





Foto: Marcelo Pinto/APlateia / Fotos Públicas

Cleiton Costa Denez*

De sexta-feira para sábado, 25 de maio, a conjuntura abriu um racha nítido entre a direita de mercado, que está no governo e no controle do Estado e que vem se intitulado de centro e a extrema-direita que vem se consolidando pela base na apropriação do movimento dos caminhoneiros com o mote de “Intervenção Militar”, pegando carona na greve dos caminhoneiros.

Era de se esperar que com a repressão do governo ilegitimo, inclusive com o uso de forças militares levasse ao esgotamento da narrativa de Intervenção Militar, porém o que houve foi o fortalecimento da narrativa, mesmo sem nenhuma aproximação da realidade.

Tal narrativa se desenvolve dando a orientação ideológica pautada pela extrema-direita, que não possui estrutura institucional, mas ganha corpo social. Dificilmente ocorrerá uma intervenção, até porque, o exército só assumiria caso houvesse um governo não alinhado ao mercado.

Porém, a extrema-direita ganha contornos mais definidos, o mote pela ‘Intervenção Militar’ é acima de tudo o grito autoritário de setores da sociedade que querem o Estado como instrumento de eliminação física e incisiva de seus oponentes políticos e no mínimo pré-campanha para Bolsonaro.

O projeto final da ascensão da extrema-direita ganha contornos pelo desejo de um Estado fascista, manifestado por sua base que vem se consolidando em torno da ideia de intervenção, porém não há clareza na pauta econômica, por Bolsonaro a pauta econômica é a mesma da direita, ou seja liberal e de mercado, o que não muda em nada em relação à direita governista.

O quadro só não é mais grave, devido a incapacidade de lideranças e representação da extrema-direita e embora o barulho seja grande, é uma parcela minoritária da sociedade, mas cada vez mais coesa em torno do autoritarismo político, porém sem conteúdo programático. A principio, a extrema-direita apenas bagunça o jogo e o cenário político, o que pode ser o papel de sua liderança.

A direita de mercado tem um grande problema para resolver, colocar a extrema-direita fascista que ela soltou de volta na coleira.

*Cleiton Costa Denez é Professor Doutor em Geografia pela UEM, Secretário Executivo Educacional da APP/Sindicato.