Após tragédia em frigorífico de Capanema, entidades cobram responsabilização da empresa

Dois trabalhadores morreram e quatro ficaram feridos em explosão na noite de terça-feira (5) na Dip Frangos





Sede da Dip Frangos de Capanema. Foto: Ass. Prefeitura

Entidades ligadas aos direitos humanos em Cascavel e Foz do Iguaçu, no Oeste do Paraná, manifestaram-se publicamente nesta quarta-feira (6) em relação a tragédia ocorrida em um frigorífico da empresa Dip Frangos SA (antiga Diplomata), no município de Capanema, no sudoeste do Paraná. Na noite de terça-feira (5), dois trabalhadores morreram e outros quatro ficaram gravemente feridos após a explosão de um digestor na indústria.

Em nota conjunta, o Centro Regional de Direitos Humanos de Cascavel (PR) e o Centro de Direitos Humanos e Memória Popular de Foz do Iguaçu (PR), manifestaram solidariedade às famílias dos trabalhadores e cobraram responsabilização da empresa diante das condições precárias de trabalho as quais os funcionários são submetidos.

No documento, as entidades apontam que o acidente no frigorífico foi uma “tragédia anunciada”, uma vez que problemas nos equipamentos já haviam sido relatados por funcionários a seus superiores. Em nota, a DIP Frangos lamentou o ocorrido e informou que está disponibilizando assistência aos funcionários.

Confira abaixo a íntegra da nota conjunta dos CDHs de Cascavel e Foz do Iguaçu.

O Centro Regional de Direitos Humanos de Cascavel (PR) e o Centro de Direitos Humanos e Memória Popular de Foz do Iguaçu (PR), vem por meio desta Nota Pública, manifestar profunda solidariedade às famílias dos trabalhadores vítimas da tragédia ocorrida na noite de terça-feira (05/06) em um frigorífico na cidade de Capanema, na região sudoeste do Paraná.

Dois trabalhadores morreram e outros quatro ficaram gravemente feridos após uma explosão de uma caldeira no frigorífico Dip Frangos, antiga Diplomata. Além de prestar nossa solidariedade, denunciamos que tal acontecimento poderia ter sido evitado, pois trata-se de uma tragédia anunciada. Segundo matéria no portal CGN (https://bit.ly/2sBAJRX), os problemas nos equipamentos já haviam sido relatados por funcionários aos seus superiores, no entanto, a empresa não tomou nenhuma medida eficaz.

Infelizmente, o descaso apresentado pela direção da Dip Frangos não é um fato isolado no país. A falta de respeito às normas regulamentadoras de proteção, a situação precária de equipamentos e condições de trabalho, a exploração da mão de obra são constantes nas indústrias ligadas ao agronegócio.


Os trabalhadores do setor sofrem um abandono tremendo: são explorados ao máximo, em níveis de exigências físicas insuportáveis, com milhares que terminam mutilados, doentes ou mortos. Segundo dados da Organização Internacional do Trabalho (OIT), o Brasil ocupa o 4º lugar no índice de países com mais acidentes de trabalho (ficando atrás apenas da China, Índia e Indonésia), isso sem levar em conta aqueles acidentes que sequer são notificados. A forma como se organiza a relação de trabalho no Brasil é um processo brutal, um quadro dantesco que configura uma extrema violação dos direitos humanos.


Nós, defensores dos direitos humanos também temos como missão combater e denunciar as violações aos direitos humanos no mundo do trabalho. Diante disso esperamos que a impunidade não prevaleça e que os responsáveis por essa tragédia sejam punidos. É preciso que autoridades competentes apurem as condições aos quais são submetidos os trabalhadores da Dip Frangos.


Assim, manifestamos todo o nosso apoio e solidariedade aos familiares dos trabalhadores e nosso veemente repúdio à empresa Dip Frangos, responsável por essa tragédia.

Luiz Carlos Gabas (Presidente do Centro Regional de Direitos Humanos)
Aluizio Palmar (Presidente do Centro de Direitos Humanos e Memória Popular)