Contra a violência, mais de cinco mil educadores marcham nas ruas de Curitiba

30 de agosto recordou a violência sofrida em 1988, 2015 e diariamente nas escolas públicas




FonteCUT Paraná

Foto: Gibran Mendes

Mais de cinco mil profissionais da educação pública do Paraná marcharam nesta quinta-feira (30) em Curitiba. O ato, organizado pela APP-Sindicato, recordou os 30 anos do ataque do Governo do Estado, chefiado pelo então governador Álvaro Dias, contra a categoria. Naquele dia, em 1988, a cavalaria e bombas atacaram professores e funcionários de escola que lutavam pelos seus direitos.

Situação semelhante seria repetida quase 27 anos depois. No dia dia 29 de abril de 2015 o governo de Beto Richa (PSDB) atacou com bombas e tiros os profissionais da educação que protestavam contra o Projeto de Lei que permitia o saque em suas aposentadorias.

“Hoje fazemos denúncia da violência que também ocorre em nosso dia-a-dia, desde as condições precárias nas escolas, passando pelo adoecimento em níveis alarmantes da categoria, até a matança da juventude nas periferias e das mulheres, por exemplo. Uma violência dura que não vem encontrando, por parte do Estado, as políticas necessárias para superarmos esse período”, enfatizou o presidente da APP-Sindicato, Hermes Leão.

A presidenta da CUT Paraná, Regina Cruz, destacou o histórico de lutas da APP-Sindicato e fez um alerta: além das eleições, outras lutas devem acontecer ainda este ano. “É preciso seguir na resistência, como vocês sempre fizeram, pois a Reforma da Previdência ainda está em pauta. Ela deverá ser colocada para votação após as eleições. Precisaremos de muita luta, muita greve, muita resistência”, destacou.

A professora Marlei Fernandes, vice-presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), também destacou a violência que ocorre no cotidiano, longe dos olhos da população. “Temos hoje as chamadas violências simbólicas e as violências psicológicas. As salas de aula e as escolas não são um ambiente tranquilo. As condições de trabalho são violadas a cada dia e impedem que tenhamos tranquilidade no interior das nossas escolas. A falta de democracia, as perseguições, as reduções salariais. Tudo isso interfere no trabalho do professor e do funcionário de escolar. Nesses 30 anos do 30 de agosto é dia lembrar a violência física que nós não queremos, tanto do 30 de agosto quanto 29 de abril, mas contra todas as violências cometidas no dia-a-dia”, enfatizou.

Também professora, a secretária nacional de Mobilização e Relação Com Movimentos Sociais da CUT, Janeslei Albuquerque, reforçou os reflexos do Golpe de 2016 e que este é um ano eleitoral e, portanto, uma oportunidade para mudar o atual quadro de retrocessos sociais. “Não vivemos um período de normalidade democrática. Essas eleições acontecem com um País sequestrado por um golpe de estado que não foi um golpe contra uma presidenta nem contra um partido político como querem fazer acreditar. Foi muito mais que isso. Foi um golpe do capitalismo internacional, foi um golpe com sistema financeiro internacional, das petroleiras estrangeiros em disputa pelos recursos deste País tão rico que a duras penas luta para que o povo deixe de ser tão pobre em um País tão rico. Olhem quem são os candidatos ao senado, para deputado federal e estadual. Não permitam que quem bate em professor vire senador”, afirmou.