Com aval de Lula, Haddad assume candidatura à presidência

Anúncio foi realizado com apoio da militância e criticas ao judiciário e a Rede Globo





Foto: Ricardo Stuckert / AGPT

A espera acabou. O Partido dos Trabalhadores anunciou oficialmente o nome do ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad como candidato a presidente. Ele substitui o ex-presidente Lula como cabeça de chapa após o TSE impedir sua candidatura no último dia 31 de agosto. A definição por Haddad e Manuela D’avilla como vice candidata ocorreu no fim do prazo dado pela justiça eleitoral. Em carta lida na Vigília Lula Livre, Lula pediu voto em Haddad: “Todos que votariam em mim, votem no companheiro Haddad para presidente, pois ele será Lula para milhões de brasileiros”, escreveu o ex-presidente.

Ao transmitir a candidatura para Haddad e Manuela, o ex-presidente destacou a perseguição que tem sofrido por parte do judiciário e da mídia brasileira. Lula também destacou que é importante retomar a esperança do povo brasileiro.

“Na verdade, proibiram o povo brasileiro de votar livremente para mudar a história do país. Nunca vou aceitar essa injustiça. Foi andando pelo país que vi a esperança no olhar da população e a indignação com o que está acontecendo. Apesar das mentiras e da perseguição, o povo nos abraçou e nos levou a liderança disparada. Estou preso há mais de cinco meses e condenado sem provas. Fui condenado pela imprensa muito antes. Desafio a apresentarem uma prova contra mim. A minha condenação é uma farsa judicial e uma vingança política. Eles querem prender um projeto que a maioria do povo aprovou em quatro eleições consecutivas que foi interrompido em uma presidente eleita legitimamente”, relatou Lula.

O ex-presidente termina a carta conclamando os eleitores a votarem em Haddad e no projeto que ele representa. “Fui arbitrariamente arrancado da disputa eleitoral. É diante dessas circunstâncias que tomo uma decisão e indico a substituição da minha candidatura pela do companheiro Fernando Haddad que até esse momento mostrou extrema lealdade. Juntos, abrimos as portas das universidade para quase quatro milhões de brasileiros, criamos o PROUNI, o Fundeb, o Pronatec, o Enem. Criamos o futuro. Haddad é o governador de nosso plano de governo para tirar o país da crise. Ele é meu representante para retomarmos os rumos. “Nosso nome agora é Haddad e Manuela D´ávila. Nossa lealdade é com o povo”, indicou.

Já o candidato do PT Fernando Haddad lamentou que o ex-presidente não poderá subir a rampa do Planalto como presidente. Ele aponta que o povo foi abandonado em governos anteriores, que não tinha o que comer, tinha fome. “Lula saiu das entranhas do povo superando todos os obstáculos que a vida impõe e chegou à presidência para mudar nossa história”, afirmou. Para o agora candidato, bastaram dois anos para que o Brasil voltasse ao mapa da fome e o aumento da mortalidade infantil e materna. “Eu me pergunto porque tanta injustiça com um homem que se dedicou a estender a mão para as pessoas que mais precisavam, para quem tirou 36 milhões de pessoas da miséria”, comentou.

O ex-prefeito de São Paulo ainda listou todos as perdas que os trabalhadores são alvo desde o golpe a presidenta Dilma. Para ele, “vamos dizer para o povo que você está sentindo a dor que eu sinto. Mas a hora é de ir às ruas de cabeça erguida pelo povo e pelos movimentos sociais e não desistir do Brasil. Nós já conhecemos o futuro e não podemos abrir mão desse sonho”, incentivou.

Nova chapa

A substituição do nome ocorreu após o TSE negar o registro da candidatura de Lula, mesmo com duas notificações do comitê de direitos humanos da ONU. Pesou também a necessidade de antecipar a substituição da chapa do dia 17 para o dia 11. Além disso, o ministro Luís Roberto Barroso, atendendo a pedidos do Ministério Público e da candidatura de Jair Bolsonaro, tem censurado menções ao nome de Lula na propaganda eleitoral.

O nome de Haddad, no entanto, não é uma surpresa. Ele é um dos responsáveis pelo Plano de Governo do PT. Era considerado o Plano B desde a sua indicação para se tornar advogado de Lula e por causa da sua baixa rejeição. Com ele, o PT conta com a migração de votos de Lula e a perspectiva de ir ao segundo turno com Bolsonaro. A pesquisa Datafolha de ontem (10) já apontou crescimento do petista de 4% para 9%. Soma-se a isso o potencial de transferência de votos de 49% daqueles que pretendem votar em um candidato indicado por Lula.

Perfil Haddad

Foi prefeito da cidade de São Paulo entre 2013 e 2016. Professor de Ciência Política da Universidade de São Paulo, instituição onde graduou-se em direito, fez mestrado em Economia e doutorou-se em Filosofia. Haddad foi ministro da Educação entre julho de 2005 e janeiro de 2012, nos governos Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff.