No Roda Viva, Haddad diz que Bolsonaro vai formar uma milícia no poder

Confira as frases do candidato durante a entrevista





Fernando Haddad participa do programa Roda Viva, na TV Cultura, nesta segunda-feira (22/10). #Haddad13 #HaddadNoRodaViVa Fotos: Ricardo Stuckert

O candidato à presidência Fernando Haddad (PT) foi o entrevistado do programa Roda Viva, da TV Cultura. Ele abordou, principalmente, o risco que o Brasil corre caso Jair Bolsonaro (PSL) seja eleito presidente. Para o petista, o adversário não tem apreço pela democracia. Haddad também foi perguntado sobre seu plano de governo, alianças e erros do partido.

Na abertura, o apresentador disse que o candidato líder das pesquisas, Jair Bolsonaro recusou três propostas diferentes de participar do programa: seja ao vivo, seja gravado ou com uma equipe se dirigindo até a casa do deputado.

Confira abaixo as frases e temas de Haddad na entrevista.

FRASES
MARCA DE GOVERNO: “Meu pai dizia que trabalho e educação são preciosos. Eu gostaria de terminar o meu mandato com essa perspectiva para todos os brasileiros.

DEMOCRACIA: “Nós estamos alertando o que pode acontecer se Bolsonaro for eleito. Meu adversário defende a tortura e é fã de Brilhante Ustra. Ele ataca mulheres, negros, disse que nordestinos deviam comer capim. Uma pessoa dessa não tem perfil de respeito a democracia. Suas classificações não o habilitam para o governar seu país. Seu filho disse que fecharia o STF. Ele disse que iria eliminar fisicamente seus opositores. Ele foi repreendido por FHC que ficou indignado com essa opinião”.

FRENTE DEMOCRÁTICA: “A frente não fracassou. A Marina declarou apoio explícito a minha campanha, o que muito me honra. Eu tenho compromisso com sua agenda ambiental. Ao contrário do meu adversário que quer fundir os ministérios do meio ambiente e da agricultura. A gente vai perder mercado porque muita gente vai deixar de investir aqui por causa dessa falta de compromisso. O Cid Gomes, agora, disse que é a nossa candidatura a melhor”.

MILÍCIA: “Bolsonaro está se cercando quase de uma milícia. Ele disse que vai aumentar os membros do STF. As coisas que ele verbaliza são contra a tradição liberal e republicana que a gente tanto trabalhou”.


AUTONOMIA DO STF E NOVA CONSTITUINTE: “Nós retiramos do programa o texto sobre a constituinte por problemas de redação. Quando jovem, eu participei pela campanha da assembleia constituinte quando era estudante. Eu sou a antítese de Bolsonaro naquela época. Ele defenda a Ditadura e disse que ela matou pouco. O PT nasceu de uma crítica dentro da esquerda para defender a democracia. Tanto é que os democratas declaram apoio a mim”.

CRISE COM CIRO GOMES: “Nunca foi minha opinião o distanciamento com Ciro. Eu sempre o considerei um grande quadro político. Ajudei muito seu irmão, Cid Gomes, na educação. Eu era dos petistas que cogitavam o apoio a Ciro se houvesse uma aproximação. Eu até falei com o Lupi (presidente do PDT) para que Ciro conversasse com Lula. Em caso de Lula ser impugnado, Ciro assumiria a chapa. Na minha opinião, a situação é tão grave que projetos pessoais não devem estar em primeiro plano. Eu espero que o Ciro dê um alô de onde estiver. Eu aguardo seu aceno porque a gente precisa ganhar”.

Fernando Haddad participa do programa Roda Viva, na TV Cultura, nesta segunda-feira (22/10). #Haddad13 #HaddadNoRodaViVa Fotos: Ricardo Stuckert

VOTO ANTI-PT: “Sempre houve antipetismo, desde o nascimento do partido. O PT sempre foi trabalhista e visto sempre como uma ameaça por quem estava no poder. Sempre houve uma rejeição de 25%. Hoje isso é maior por causa dos casos de corrupção. Eu fui critico a isso e acho que temos que aumentar os controles para evitar a corrupção”.

FAKE NEWS: “Eu defendi abertura do inquérito e a busca e apreensão das quatro empresas noticiadas pela Folha de São Paulo. Eu tinha certeza que íamos descobrir o Caixa 2. A prisão de empresários era dentro do inquérito. (Para mim), quantos milhões de brasileiros receberam mensagem caluniosa? Só contra a Manuela, foram emitidos 13 milhões de mensagens caluniosas. O que defendi é combater o crime”.

VENEZUELA E AMEAÇAS: “Você está falando de um adversário que incita a morte das pessoas. Eu sofro ameaças fisicamente. O filho dele disse que vai declarar guerra a Venezuela, sendo que as Forças Armadas de lá são maiores. Eles querem gerar um conflito que não é nosso. O que eu faço é alertar sobre os riscos. Bolsonaro não tem cultura democrática”.

Fernando Haddad participa do programa Roda Viva, na TV Cultura, nesta segunda-feira (22/10). #Haddad13 #HaddadNoRodaViVa Fotos: Ricardo Stuckert

IDENTIDADE DE CAMPANHA: “No segundo turno, nas quatro vezes que chegamos lá, nós mudamos o layout. A gente quer mostrar que não vamos fazer um governo de um só partido. (Apesar de Lula não aparecer mais), eu entendo que Lula está sendo injustiçado. Ele é o maior presidente do país. Eu jamais vou negar minhas relações pessoais. Eu represento um projeto que precisa ser resgatado. Ocorreram problemas e eu já admiti em entrevistas. Eu considero que teve gente que se beneficiou de caixa 2 e deve ser condenada”.

MERCADO FINANCEIRO E PRIVATIZAÇÕES: “O mercado tem grandes especuladores que lidam com muito dinheiro. Os movimentos especulativos prejudicam os pequenos poupadores. A bolsa sobe e o dólar cai em cima de especulação com as privatizações. Eu criei uma estatal (Ebserh) que gerencia os hospitais universitários federais e melhorou a gerência. Vai privatizar pra quê? Eu não vou privatizar, mas fundir empresas e estatais. Fazer um enxugamento, como fiz em São Paulo”.

DILMA: “A Dilma errou quando começou a fazer a desoneração da folha de pagamento para garantir a geração de empregos. A gente avisou. Mas a oposição errou a aprovar as pautas bombas”.

INTERVENÇÃO ECONÔMICA E RECESSÃO: “Eu proponho uma reforma bancária. A Dilma não fez isso. Ela usou os bancos públicos para reduzir os juros. Se nós não fizermos a reforma, nós nunca vamos nos tornar uma sociedade capitalista moderna, pois não temos crédito. Eu ainda vou apoiar cooperativas e taxar bancos que cobram juros abusivos. Com relação ao gás, é um item que representa 4% do faturamento da Petrobras. O gás vai entrar na cesta básica do povo brasileiro para não ter que cozinhar à lenha”.

DIESEL: “Vou aumentar o subsídio ao gás e diminuir do diesel. Eu vou discutir a tabela de frete com os caminhoneiros. Não tem sentido dar ao diesel e não dar ao gás”.

LIBERDADE DE LULA: “O presidente Lula quer um julgamento justo que tem direito. Ele não está pedindo privilégio. Houve uma mudança de jurisprudência por causa do caso dele. Eu acredito que não houve teatro com a candidatura de Lula. Nossa esperança era que um organismo internacional se manifestasse, como no caso da ONU, que é raro. Mas o TSE caçou a candidatura dele e eu assumi. Eu tenho certeza que o julgamento, em março, será favorável a Lula”.

AUTONOMIA DO BANCO CENTRAL: “O que houve foi a tentativa de corrigir a redação. O mercado entendeu que o Banco Central ia ser responsável pela política fiscal. Para mim, o Banco Central vai ter que fazer a reforma dos bancos, pois ele nunca foi independente dos bancos. Ele terá obrigação de apresentar essa reforma. O governo fixa a meta na taxa Selic, quem a busca, com autonomia, é o Banco Central”.

ERRO: “Não ter feito a reforma politica”.